O governo federal tem como calcular as perdas dos estados com a
unificação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
disse hoje (21) o ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante audiência
na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) que debate o
assunto. “Temos, por exemplo, a nota fiscal eletrônica. Não haverá
dúvida [sobre os cálculos]”, disse.
Além de reafirmar que a economia crescerá entre 3,5% e 4%, Mantega
falou também sobre a importância do fundo de desenvolvimento que será
criado para ajudar os estados com mais dificuldades. Segundo o ministro,
esse fundo ajudará a melhorar a infraestrutura nessas regiões. “Dará
uma alavancada e melhorará o nível de infraestrutura, porque barateará
os custos e os recursos, com custo baixo, poderão ser usados em
programas de financiamento de estados para empresas [entre outras
coisas].”
Durante a tramitação da proposta de unificação do ICMS, dois fundos
estão sendo negociados. O primeiro tem montante estimado em R$ 8 bilhões
por ano para compensar perdas, mas parte dos governadores quer até R$
15 bilhões ao ano. O outro fundo é de desenvolvimento regional.
Na audiência, Mantega rebateu acusações de maquiagem na contas
públicas. “Eu gostaria que alguém mostrasse que fizemos maquiagem. Não
tem maquiagem no Ministério da Fazenda. Fizemos tudo de acordo com a
lei”, disse o ministro, ao comentar o uso do Fundo Soberano para atingir
a meta de superávit primário no final do ano passado. “Somos
fiscalizados pelo Tribunal de Contas da União e não foi apontada nenhuma
irregularidade”, reagiu.
Mantega voltou a defender as desonerações, que só este ano deverão
chegar a R$ 50,7 bilhões. De acordo com o ministro, a maioria dos
brasileiros é a favor da redução dos impostos que o governo vem fazendo,
inclusive nos produtos da cesta básica. “Se perguntar à população, 100%
irão aprovar. No caso da cesta básica, por exemplo, isso irá em
benefício da população”, disse ele, garantindo que o preço dos produtos
da cesta básica já está caindo, embora o processo leve um tempo para
surtir efeito. “[A queda] não é imediata porque tem que haver um ajuste
entre a indústria e o comércio, que já está ocorrendo.”
O ministro ressaltou que, embora muitos tenham criticado os incentivos
concedidos ao setor automobilístico, a desoneração, como em outros
casos, ajudou a aumentar as vendas, permitindo um maior repasse de
recursos para os estados por meio do fundo de participação. “Não estamos
dando bolsa empresa, estamos dando benefícios aos trabalhadores. Além
disso, estamos fazendo grande transferência de renda. É claro que, se as
empresas não crescerem e não tiverem investimentos, não existirão
empregos”, disse ele, defendendo a política econômcia do governo. Ele
disse ainda que é possível renegociar os encargos da dívida dos estados
retroativamente a janeiro.
Ao deixar a audiência, Mantega evitou comentar o valor do dólar, que
chegou a R$ 2 hoje, ressaltando apenas que “câmbio é flutuante” e que a
oscilação da moeda norte-americana pode ser um efeito do que vem
acontecendo em Chipre.
Perguntado sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que
ontem (20) considerou inconstitucional a inclusão de ICMS, bem como do
PIS/Pasep e da Cofins na base de cálculo dessas mesmas contribuições
sociais incidentes sobre a importação de bens e serviços, Mantega
informou que o Ministério da Fazenda pedirá à Corte uma modulação do
impacto. ABr
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