Brasília - No início da reunião hoje
(31) em que prestaria depoimento à Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito (CPMI) do Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (sem
partido-GO) disse que não responderia às perguntas feitas pelos
parlamentares. Demóstenes alegou que seu advogado, Antônio Carlos de
Almeida Castro, solicitou ao Conselho de Ética a degravação de seu
depoimento e as notas taquigráficas para entregá-las aos integrantes da
comissão.
“Anteontem [terça-feira, 29] prestei
depoimento por mais de cinco horas no Conselho de Ética e Decoro
Parlamentar, cuja pertinência temática é a mesma desta CPI. Em
decorrência disso, por solicitação do meu advogado, Antonio Carlos de
Almeida Castro, endereçamos ontem petição a essa comissão e
comunicamos, até por uma questão de lealdade, que permaneceríamos
calados, conforme faculdade expressamente prevista na Constituição
Federal”, disse Demóstenes.
A atitude de Demóstenes fez com que o
deputado Sílvio Costa (PTB-PE) se exaltasse e começasse a ofender o
senador, acusado de ligações com o suposto esquema criminoso liderado
pelo empresário de jogos ilegais Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos
Cachoeira, investigado pela Polícia Federal. O presidente da comissão
decidiu dispensar Demóstenes da oitiva, mesmo procedimento que vem
adotando diante dos demais depoentes que se negaram a falar. No
entanto, essa atitude acabou irritando ainda mais o deputado.
"O senhor passou cinco horas no
Conselho de Ética e não conseguiu se explicar. Mas, aqui, com cinco
minutos, o senhor explicou tudo. O seu silêncio é a mais prefeita
tradução da sua culpa", ressaltou o deputado. "O senhor apelou para
Deus, se disse carola, mas o senhor não vai para o céu porque o céu não
é lugar para mentiroso, não é lugar de gente hipócrita", disse o
deputado se dirigindo a Demóstenes.
Diante
da exaltação dos parlamentares, o senador Pedro Taques (PDT-MT) reagiu:
“Todos aqui, enquanto parlamentares, devem obedecer à Constituição
Federal, que afirma que o cidadão, seja lá quem for, merece respeito.
Fui procurador da República por mais de 15 anos e tenho a convicção de
que um parlamentar não pode tratar quem quer que seja com indignidade",
argumentou Pedro Taques.
A defesa feita por Pedro Taques fez com
que Sílvio Costa se voltasse contra ele com xingamentos. Em meio ao
tumulto, o presidente da comissão, Vital do Rêgo, encerrou a sessão que
durou 20 minutos.
Na última terça-feira, Demóstenes
prestou depoimento ao Conselho de Ética do Senado e confirmou sua
ligação com o empresário Carlinhos Cachoeira. Ele sustentou que não
sabia do envolvimento de Cachoeira com atividades ilícitas, apesar dos
mais de dez anos de convivência com o empresário e negou ter recebido
dinheiro de Cahoeira.
Além disso, Demóstenes também confirmou
usar um celular via rádio doado por Cachoeira e que era o empresário
que pagava a conta. Ontem, os integrantes da CPMI quebraram os sigilos
telefônicos, bancário, fiscal, de e-mail e de mensagens por celular de Demóstenes. Foto: Antonio Cruz/ABr/ABr
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