O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e o Ministério Público do
Trabalho (MPT) informaram nesta terça-feira que vão apurar a
responsabilidade das Lojas Americanas no caso de cinco bolivianos
flagrados em condições análogas às de escravos em uma oficina de costura
em Americana (SP). De acordo com fiscais do MTE e procuradores do MPT,
os trabalhadores costuravam peças de vestuário infantil diretamente para
a empresa HippyChick Moda Infantil Ltda., também de Americana. A única
cliente da empresa seria a rede varejista Lojas Americanas, segundo o
MPT.
Em nota, o MPT afirma que as roupas eram postas à venda nas Lojas
Americanas, com a etiqueta "Basic+ Kids". A rede varejista possui o
registro da marca no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI)
desde fevereiro de 2006, conforme consta do site da entidade na
internet. A fiscalização do trabalho encontrou na oficina "peças piloto"
(modelo do vestuário que é reproduzido pelos costureiros) e etiquetas
da marca.
Procurada, a Lojas Americanas informou, por meio de nota à imprensa,
que repudia qualquer tipo de trabalho realizado em condições
degradantes, e que desconhecia o que foi verificado pelo Ministério
Público do Trabalho. "A Lojas Americanas informa ainda que cancelou as
atuais relações comerciais com o fornecedor Hippychick", afirma a
companhia, na nota.
A oficina foi denunciada ao Ministério do Trabalho e Emprego pela
Polícia Federal, que um ano antes havia realizado diligência no local
para verificar a situação dos vistos de permanência dos bolivianos. Ela
foi montada de forma clandestina nos fundos do quintal de uma área
residencial, na periferia da cidade. O dono, originário da Bolívia,
mantinha parentes trabalhando em um barracão improvisado, com condições
consideradas insalubres. A pequena fábrica têxtil recebia R$ 2,80 por
cada peça produzida para a HippyChick.
No momento da fiscalização, que aconteceu no dia 22 de janeiro,
nenhum trabalhador possuía registro em carteira de trabalho. Há indícios
de aliciamento de mão de obra, fato que ainda está sob investigação.
Segundo o MPT, os estrangeiros foram resgatados e receberam direito ao
seguro-desemprego.
Nos dias 7 e 14 de fevereiro foram expedidas as carteiras de trabalho
dos bolivianos e efetuadas as rescisões indiretas de contrato (com
justa causa do empregador), com o pagamento de verbas salariais
(proporcional de 13º, férias etc), FGTS e multa, e da indenização
prevista no TAC, tudo por conta da HippyChick.
23 multas
A HippyChick recebeu 23 multas do Ministério do Trabalho pelas
irregularidades apontadas, dentre elas, reduzir trabalhadores a
condições análogas às de escravo, terceirização ilegal, falta de
segurança e saúde do trabalho etc.
De acordo com comunicado do MPT, os envolvidos podem ser multados,
processados na Justiça do Trabalho e até responder por crime de redução
de trabalhadores a condições análogas às de escravo, que prevê de 2 a 8
anos de reclusão.
As empresas que se utilizam de mão de obra escrava têm seu nome
incluído na lista de trabalho escravo, mantida pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, que prevê a suspensão de financiamento e acesso ao
crédito por instituições federais, como Caixa, BNDES e Banco do Brasil,
além de serem submetidas a restrições comerciais com empresas
signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo.(Estadão)
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