As interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal durante a
Operação Concutare, que investiga fraudes em licenciamentos ambientais,
detectaram também indícios de repasses de valores para a campanha da
vereadora de Porto Alegre Jussara Cony (PCdoB), a pedido do então
diretor-presidente da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam)
Carlos Fernando Niedersberg (PCdoB). A informação foi divulgada nesta
quinta-feira pela versão on line do jornal Zero Hora, que teve acesso a
cópias de documentos protegidos por segredo de Justiça.
Nos diálogos ouvidos pela investigação, Niedersberg estaria pedindo
recursos para a campanha de 2012 a Giancarlo Tusi Pinto, sócio do
ex-deputado estadual Berfran Rosado (PPS) no Instituto Biosenso,
prestador de consultoria ambiental. Segundo o veículo gaúcho, a decisão
da Justiça Federal que decretou a prisão temporária de 18 suspeitos de
participação no esquema cita informação da Polícia Federal de que "os
sócios do Instituto Biosenso compareceram com o numerário supostamente
destinado à campanha eleitoral de Jussara Cony". O valor de R$ 15 mil
teria sido entregue em três parcelas de R$ 5 mil. Mas a investigação não
conseguiu confirmar se houve o repasse de Niedersberg para a campanha
de Jussara e admite que essa apuração ainda precisa ser aprofundada.
A vereadora Jussara Cony distribuiu nota à imprensa na qual afirma
que não recebeu doação de nenhuma pessoa envolvida nesse episódio,
referindo-se às suspeitas de fraudes nos licenciamentos ambientais.
Assegurou que as contas da campanha de 2012 foram apresentadas à Justiça
Eleitoral no prazo e aprovadas. "Defendo, assim como meu partido (PC do
B), as investigações da Polícia Federal e queremos que todos os fatos
sejam esclarecidos", finalizou. Jussara e o vereador João Derly compõem a
bancada do PCdoB na Câmara de Vereadores e assinaram um pedido de
criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o
caso das licenças ambientais. A proposta tem escassas possibilidades de
ser aprovada porque a bancada governista, que tem maioria, é contrária.
A Operação Concutare investiga esquema de pagamento de propinas de
despachantes e empresários a agentes públicos de órgãos federais,
estaduais e municipais para emissão de licenças ambientais em prazos
privilegiados ou com irregularidades. Foram presos temporariamente seis
agentes públicos, seis despachantes ou consultores e seis empresários.
Entre eles estão Niedersberg, Tusi Pinto, Rosado e o secretário
municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre Luiz Fernando Záchia (PMDB). A
Polícia Federal já liberou cinco deles - três empresários, um consultor
e um funcionário público - e deve terminar de tomar os depoimentos
nesta sexta-feira, quantos todos os demais também poderão ser soltos.
Além das pessoas detidas nesta semana, outras cem estão sendo convocadas
a depor como investigadas ou testemunhas.AE
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