No Recife, Dilma diz que não pretende negociar pacto sem retomar mandato
Em visita ao Recife, a presidenta afastada Dilma Rousseff disse que não pretende negociar um pacto nacional ou antecipação de novas
eleições sem que retome o mandato presidencial. “Não haverá hipótese,
em nenhum momento, de aceitarmos, sem o retorno da presidenta eleita por
54,5 milhões de votos ao governo, discutir qualquer pacto. Não há pacto
possível com governo ilegítimo, governo que é provisório”, afirmou
Dilma, ao ser questionada sobre qual estratégia usada para conquistar mais votos de senadores contrários ao impeachment. A
presidenta afastada não detalhou as negociações no Senado e limtou-se a
dizer que "estamos dialogando". Questionada sobre a dificuldade de
governabilidade caso volte ao cargo, Dilma respondeu: "Não é uma questão
relativa ao meu mandato, nem relativa a voltar. Não é porque eu volto
que as condições são complexas. Acho que há, cada vez mais, a
consciência de que o pacto que governou o Brasil desde 1988, a partir da
Constituição cidadã, foi rompido e dilacerado. Então, vamos ter que
necessariamente reconstruir os processos democráticos no Brasil." Manifestantes fazem ato a favor de Dilma do lado de fora da universidade Sumaia Vilela/Agência Brasil Dilma
deu entrevista depois de participar de ato fechado no auditório da
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A presidenta afastada foi
convidada a participar pelo Comitê "Em defesa da democracia", formado
por professores, alunos e técnicos da instituição e das universidades
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e de Pernambuco (UPE), Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Dilma
falou para 250 convidados do comitê e foi recebida com palavras como
"Volta, querida". Em discurso, a presidenta afastada voltou a
classificar oprocesso de impeachment como "golpe" e classificou o governo interino e os líderes do processo de “parasitas”.
“Eles
adoram dizer isso: como eu estou tranquila no Palácio da Alvorada,
cercada por todos os lados, não é golpe. Mas é sim. Eu chamo de
parasita. Os parasitas atacam as instiuições, porque elas são
fundamentais numa democracia. Qual é a nossa reação diante desse ataque?
Não é negar a instiuição, é entrar, discutir em todas as instâncias, no
Senado, nas ruas. O que mata o parasita? Mata o oxigênio da discussão,
do debate”, afirmou.
Dilma Rousseff disse ainda que o processo de impeachment
visa a impedir a continuação das investigações da Operação Lava Jato e
para que o projeto político derrotado nas urnas pudesse ser aplicado no
país. A presidenta afastada criticou dois projetos do governo interino: a
mudança nas regras do pré-sal e a aplicação de um teto para os gastos públicos vinculado ao crescimento da inflação. “Ninguém
aprovou acabar com o pré-sal. Ninguém aprovou que os gastos com
educação sejam reduzidos, o que na prática serão. Se você corrige pela
inflação e, ao mesmo tempo, imagina que as pessoas no Brasil vão
precisar de mais educação - não é constante o número de pessoas que
querem ser educadas, ele [governo] aumenta esse número - então, só tiver
uma constante somente da inflação que vai cair o gasto de educação por
pessoa. Nunca vi alguém aprovar isso em urna nenhuma, em manifestação
nenhuma. Por esses dois motivos, é fundamental que o governo eleito
volte", disse. A presidenta afastada ainda ressaltou o fato de a
Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que trata do limite para as
despesas públicas, estabelecer prazo de 20 anos para aplicação do teto.
“Não é possível, para os próximos 20 anos, ter outra política de
educação que não a deles. Isso é um desmonte da educação pública, um
retrocesso”. Dilma abraçou manifestantes concentrados do lado de fora do auditório. Apoio No
ato da UFPE, um manifesto foi entregue pelo comitê organizador a Dilma
Rousseff. A professora de Psicologia da universidade, Fátima Cruz, disse
que a defesa é da democracia e do projeto político que venceu as
eleições de 2014. "Achamos que está havendo um retrocesso,
principalmente em relação aos avanços sociais, com o extermínio do
Ministério da Mulher, Ministério da cultura, o MCTI incorporado à
Comunicação, o que é um atraso em termo do progresso da ciência. A gente
gostaria que a presidenta voltasse exatamente porque tivemos uma série
de avanços sociais nos direitos da população, e nós nos alinhamos com a
defesa desses direitos", disse a professora. O reitor da
universidade, Anílso Brasileiro, destacou a expansão das universidades
no país, com aumento de alunos, e interiorização do ensino
universitário. "Defendemos a normalização da vida democrática do Brasil,
o respeito à Constituição, e entendemos que ela [Dilma Rousseff] foi
eleita pela expressão do sufrágio popular, e é importante que ela retome
seu mandato". ABr
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