11 de Setembro


Matéria minha publicada no Jornal do Brasil sobre o 11 de Setembro (um ano depois) quando entrevistei dois gaúchos que estavam em Nova York no dia do atentado terrorista às torres do World Trade Center. Um deles tinha escritório em uma das torres. (VR)


Brasileiros relembram a tragédia


VALÉRIA REIS - Jornal do Brasil


PORTO ALEGRE - No dia 11 de setembro, Nova York acordou em pânico. Para os brasileiros que testemunharam de perto a tragédia, a vida não é a mesma desde então. O economista gaúcho, Larri Pinto de Faria Júnior morava na cidade e trabalhava em seu escritório, uma corretora americana, no 25º andar da Torre Norte do World Trade Center, no momento em que ocorreu o ataque.
– Eu corri para saída de emergência e fiquei atônito. Nenhum ser humano poderia imaginar que isso aconteceria um dia – lembra Larri, que atualmente vive em São Paulo, onde monta um escritório da empresa americana no Brasil e viaja com freqüência a Nova York. O economista disse que retornou um mês depois dos atentados e confessa que foi um drama para ele.
– Lembrei de tudo, chorei bastante e não quis mais voltar – desabafou Larri. – Esta tragédia teve consequências desagradáveis para todo mundo. Hoje tenho muita vontade de viver e garra para fazer as coisas. O jornalista e escritor Marcelo Carneiro da Cunha conta que estava em Manhattan no dia dos ataques.
– Acordei às 9h30 e vi muita fumaça pela janela. Pensei que o mundo tinha acabado. Quando desci para usar o telefone público do hotel e não havia linhas – conta Marcelo. – Vi muitas pessoas subindo a pé a 3ª Avenida, todas sujas de fuligem, e muitos bombeiros. O brasileiro lembra que em poucas horas, Nova York já tinha uma imensa estrutura em andamento, demonstrando o nível de coesão e apoio das pessoas, como doações de sangue, medicamentos, com o auxílio de muitas entidades.
Havia uma grande dose de suspeita e raiva por parte dos americanos. – Num dia eu era um não branco. No outro, já estava árabe – conta Marcelo, que tem pele morena e cabelos negros.
O jornalista lembra que a primeira reação da população foi estocar comida.
– Eu mesmo, comprei muita comida e levei para o quarto do hotel – diz Marcelo, que até hoje olha com desconfiança os aviões que vê pela janela de seu apartamento, no 18º andar de um edifício em Porto Alegre. – Eles vêm na minha direção. Durante um bom tempo, tive essa sensação estranha. Ele tenta entender os ataques pela experiência que teve durante os anos que estudou em Berlim.
– Havia uma grande tensão entre a comunidade oriental muçulmana e a alemã. As duas culturas que não queriam conviver e percebi que, nos últimos anos, isso passou a ser real e nos atingiu – acredita o escritor. – Me sinto atingido por essa guerra de culturas. O que só acontecia no mundo oriental, passou a ser realidade na sociedade ocidental. Neste 11 de setembro, Marcelo participará das homenagem às vítimas do ataque em Nova York. – Acho que vou pela questão humana, pelas pessoas que sofrem e se recusam a aceitar a barbárie como forma de vida – disse ele antes de embarcar. Matéria de Valéria Reis -JB

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