Mais doze áudios, que integram os autos da Operação Solidária, foram exibidos em sessão fechada da CPI da Corrupção, realizada ao meio-dia desta quarta-feira (28). Os diálogos, interceptados pela Polícia Federal, envolvem deputados, assessores parlamentares e funcionários de empreiteiras e giram em torno de negociações para fraudar licitações de obras do Estado e de pagamento de propina. "Percebe-se claramente o conluio de agentes públicos com empreiteiros para fraudar licitações e para obtenção de dividendos financeiros", revelou a presidenta da CPI, Stela Farias (PT), sem entrar em detalhes. Stela afirmou, ainda, que o material analisado hoje pela manhã contém indícios do envolvimento de figuras importantes da base de apoio do governo Yeda na fraude, que teria permitido o desvio de mais de R$ 300 milhões dos cofres públicos. "Ao que tudo indica o leque de partidos envolvidos é grande e há a nítida interferência de personalidades que ocupam lugar de destaque no cenário político", frisou. Na avaliação
do deputado Daniel Bordignon (PT), os áudios apontam para "a formação de uma superquadrilha com ramificações em várias áreas, montada para praticar crimes contra o Estado". "Com a desarticulação do esquema do Detran pela Polícia Federal, os mesmos agentes reorganizaram-se em torno das licitações públicas, agregando outros protagonistas", declarou. Cumplicidade com o crime
A presidenta da CPI prometeu tomar providências em relação ao permanente boicote da base aliada às reuniões da comissão de inquérito. Nas 16 sessões realizadas até agora, houve quorum para votação em apenas duas. Com isso, a ordem do dia permanece abarrotada com 25 requerimentos para convocação de testemunhas e requisição de documentos. "É preciso que a base governista tome uma decisão: ou assume o trabalho da CPI ou assume a responsabilidade perante a população de obstruir as investigações", apontou. Uma das alternativas apresentadas por Stela é pedir a substituição dos deputados faltosos. A outra, é a apresentação de denúncia na Comissão de Ética. Para Bordignon, o comportamento dos aliados da governadora configura "uma verdadeira relação de cumplicidade com o crime". "Os partidos mencionados na Operação Solidária sabem da gravidade do assunto que está sendo tratado. A negativa em convocar testemunhas como Walna Villarins Meneses, ex-assessora especial da governadora, a lobista Neide Bernardes e a ex-secretária adjunta da Secretaria de Obras Rosi Bernardes só pode ser entendida como um movimento deliberado para acobertar os delitos e emperrar as investigações." , segundo informações da assessoria do PT. A próxima reunião da CPI acontece na quarta-feira às 18h.
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Jornalista Valéria Reis
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