Pai e filho falam da emoção de votar pela primeira vez no Egito
O egípcio naturalizado brasileiro Youssef Emile Fadel, de 62 anos, e o filho Emílio Fadel, de 32 anos, votaram hoje (29), pela primeira vez, no Egito. Quando tinha 28 anos, Youssef se mudou para o Brasil, onde casou com uma brasileira e teve o filho Emílio. Depois de se naturalizar brasileiro, em 1979, ele decidiu voltar para o Egito com a família. Ao retornar ao seu país de origem, Yousseff assistiu à ascensão do ex-presidente Hosni Mubarak – que ficou no poder por 30 anos e renunciou em 11 de fevereiro deste ano. As eleições parlamentares que ocorrem desde ontem (28) são as primeiras desde a queda de Mubarak. Na sua gestão, as eleições eram vistas com desconfiança pelos eleitores que suspeitavam de fraudes. "Até hoje, nunca havia me interessado em votar aqui no Egito porque todos sabíamos que não faria diferença, os resultados sempre eram manipulados", disse Youssef, emocionado. "Essas eleições são diferentes porque, em teoria, o povo terá o poder de controlar as autoridades e monitorar os pleitos", acrescentou ele. "Pela primeira vez neste país, o povo sentiu que tinha o poder do voto nas mãos." Yousseff destacou que a votação ocorreu de forma “tranquila e limpa”. Segundo ele, havia segurança, sem intimidações. O egípcio disse que gostaria de experimentar, no Brasil, a sensação de votar em uma urna eletrônica. "O Brasil está um passo à frente de muitos países em organização de eleições." Para Emílio, a motivação para votar pela primeira vez fez com que ele não cogitasse boicotar a eleição. "Fiz questão de votar porque foram a minha geração e a seguinte que tomaram a iniciativa de mudar o curso da história do país com protestos contra o regime", disse ele, contando que ficou quatro horas na fila para votar. "Fiquei impaciente, mas no fim valeu a pena", disse. Como o pai, Emílio fala em um dia ir às urnas no Brasil e se diz privilegiado em poder votar em dois países democráticos. "Votar em embaixadas para presidente não tem graça. Queria votar em um clima de eleição", disse. "O engraçado é que, no Brasil, muitos reclamam das propagandas eleitorais. Já aqui no Egito, as pessoas sentiam falta disso, um sinal de democracia." ABr
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