Uma comitiva com mais de 60 empresários e pelo menos seis ministros deve acompanhar, nos dias 8 e 9 de novembro, a visita do presidente do Uruguai, José Mujica, à Capital. Do encontro com a missão uruguaia, o governador Tarso Genro espera consolidar a política de integração das fronteiras e ampliar a cooperação em setores essenciais dos países. Temas como educação, meio ambiente, cultura, segurança e infraestrutura devem nortear as reuniões no RS. O presidente uruguaio deve desembarcar no dia 8, às 15h, no aeroporto Salgado Filho. Desde fevereiro, o encontro do presidente uruguaio e o governador gaúcho vem sendo elaborado. A reunião servirá para aprofundar a relação entre os países e projetar o desenvolvimento conjunto da região. Assessor de Cooperação e Relações Internacionais do RS, Tarson Nuñez afirma que a parceria com o governo brasileiro é fundamental para a manutenção do crescimento da economia uruguaia. "Ter o RS como parceiro é um elemento indispensável. Para uma empresa uruguaia se instalar em São Paulo, por exemplo, o custo é muito maior do que se instalar em Porto Alegre", disse. A proximidade física e cultural, acrescenta Tarson, coloca o Estado como porta de entrada dos uruguaios no mercado brasileiro. Mais do que estreitar as relações entre os governos, Tarson garante que o objetivo é passar da integração comercial para um processo de integração produtivo, evitando que as indústrias - uruguaias e brasileiras - concorram entre si. "O Mercosul elimina fronteiras e expõem a gente a uma concorrência. Queremos criar um ambiente onde haja uma associação de interesses de empresas gaúchas, uruguaias e argentinas, de maneira que se tenha uma complementaridade e não uma competição", destaca. A parceria representa também a possibilidade de ampliar a presença de produtos gaúchos no mercado do país vizinho. "A indústria uruguaia não tem porte para concorrer com a indústria gaúcha em eletrodomésticos, autopeças e serviços", afirma. Tarson ressalta, no entanto, que o RS tem indústrias na área de eletrônica com potencial de mercado do lado uruguaio. "É uma situação onde os dois países têm a ganhar se forem pensadas políticas conjuntas", garante. A melhoria da qualidade do leite gaúcho é uma das metas do Estado. E o parceiro para essa missão deve ser o Uruguai. "Eles têm um sistema de sanidade animal melhor, pastagem melhores, e o leite deles têm muito mais qualidades do que o nosso. O Brasil, por outro lado, tem mais visibilidade internacional e muito mais capital hoje", compara. Tarson diz que o Brasil pode oferecer aos uruguaios uma escala de entrada no mercado internacional. "Pode ser um bom negócio para eles nos ajudar a produzir um leite melhor. Poderemos trabalhar juntos para promover o leite no mercado internacional", disse. Fortalecimento da indústria Naval - O fortalecimento da indústria naval dos países também é motivo de aproximação entre os governos brasileiro e uruguaio. A ideia é combinar ações complementares e impedir a competição no setor. Nesse sentido, o governo do Uruguai já sinalizou mudanças no desenvolvimento do seu polo naval. "Eles estão alterando o perfil do projeto deles para que seja complementar ao do RS. O nosso polo vai construir grandes navios e plataformas de petróleo. Ao invés de concorrer com o nosso polo, eles vão concentrar esforços em peças para navios", disse. Além de promover rodadas de negociação entre empresários uruguaios e gaúchos, o encontro visa estreitar os laços culturais entre os povos. "Essa missão não envolve apenas rodada de negócios, ou seminário da Fiergs, como tínhamos pensado originalmente, mas tem toda uma dimensão de mostra cultural e de articulação da colônia uruguaia que é forte aqui no Estado", afirma.
Identidade cultural e ingresso no mercado brasileiro - Ao reconhecer as semelhanças culturais e econômicas entre RS e Uruguai, Tarson explica que a integração pode favorecer a produção cinematográfica, uma vez que já existe uma experiência de co-produções cinematográficas uruguaias-gaúchas. Conforme Tarson, apesar de contar com uma cinematografia rica e talentosa, o Uruguai não tem escala de produção suficiente para se impor no mercado internacional. "De um lado, as co-produções abrem caminhos e espaços para as nossas produções cinematográficas no âmbito do Mercosul, porque são produções faladas em espanhol. Além do mercado brasileiro, o cinema gaúcho hoje está atingindo outros mercados para fora", ressalta. Na área do turismo, a ideia é servir de entrada para uruguaios e argentinos no resto do Brasil. "Se conseguirmos fazer com que esse turista, ao invés de ir direto para Punta del Leste, passe na Lagoa dos Patos, Livramento, Porto Alegre, podemos construir um roteiro com essa entrada pelo Prata que também tenha um resultado para o RS", argumenta. Tarson enumera ainda uma série de experiências na área de turismo rural, especialmente na região do Pampa. Acompanham o presidente Mujica os ministros de Relações Exteriores, Luis Almagro; de Economia e Finanças, Fernando Lorenzo; de Indústria, Energia e Minas, Roberto Kreimerman; de Pecuária, Agricultura e Pesca, Tabaré Aguerre; de Educação e Cultura, Ricardo Ehrlich; e do Turismo e Esporte, Héctor Lescano. Também compõem a comitiva o presidente da Câmara das Indústrias do Uruguai, Washington Burghi, o presidente da Câmara Nacional de Comércio e Serviços, Alfonso Varela; gerente-geral da Câmara Mercantil de Produtos do Uruguai, Gonzalo Gonzáles Piedras, o presidente da Associação Rural do Uruguai, José Bonica, e o presidente da União de Exportadores do Uruguai, Alejandro Bzurovski, segundo a assessoria do governo gaúcho.
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