Assunção – O Paraguai está suspenso do Mercosul. A decisão foi anunciada hoje
(24) à noite pelo Ministério das Relações Exteriores da Argentina. A medida é um
protesto por parte do Brasil, da Argentina e do Uruguai, que compõem o bloco, e
também dos países parceiros – o Equador, a Bolívia, Venezuela, o Chile, a
Colômbia e o Peru. Os nove governos condenam de forma veemente a maneira como
ocorreu o impeachment do presidente Fernando Lugo no último dia 22.
“[Todos os países que assinam o presente documento querem] expressar sua mais
firme condenação da ordem democrática que ocorreu na República do Paraguai, pela
inobservância do devido processo”, diz o comunicado. “[Decidimos] suspender o
Paraguai imediatamente”, acrescenta. “[É uma] declaração dos Estados-Partes do
Mercosul e Estados Associados sobre violação da ordem democrática no
Paraguai.”
De acordo com diplomatas que acompanham o processo político,
a medida deve valer até abril de 2013, quando ocorrem as eleições presidenciais
no Paraguai. Mas o comunicado conjunto não menciona prazos.
A iniciativa indica que o Paraguai também deve ser suspenso da União das
Nações Sul-Americanas (Unasul), da qual fazem parte os nove países que assinaram
a medida do Mercosul mais o Suriname e a Guiana. Atualmente, o Paraguai é
presidente pro tempore da Unasul. A próxima presidência será exercida
pelo Peru.
Em nota, a Chancelaria da Argentina informa também que a destituição de Lugo
e o novo governo do presidente Federico Franco são os principais temas da Cúpula
do Mercosul em Mendoza (na Argentina), nos dias 28 e 29. No comunicado, os nove
governos informam que houve a ruptura da ordem democrática e que a decisão se
baseou no Protocolo de Ushuaia sobre Compromisso Democrático no Mercosul, de
1998.
A presidenta Dilma Rousseff confirmou presença. De manhã, Lugo disse que
participará da reunião. Ontem (23), o novo ministro das Relações Exteriores do
Paraguai, José Félix Fernández Estigarribia, também disse que irá à cúpula. A
decisão ocorreu depois de os nove governos terem chamado os embaixadores no
Paraguai de volta aos seus países.
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi mais além: não só chamou o
embaixador de volta a Caracas, como anunciou a suspensão do abastecimento de
combustível para o Paraguai em protesto contra o impeachment de Lugo.
Pelo menos metade do combustível consumido no Paraguai vem da Venezuela. ABr
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