A retomada do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira, teve seu início marcado pelos ânimos exaltados dos juízes. Antes mesmo do plenário voltar à dosimetria das penas, o ministro Marco Aurélio Melo retomou a polêmica sobre a condenação do publicitário Marcos Valério:
- A problemática da continuidade delitiva e a problemática da agravante. Saber ser observada a agravante alusiva à liderança. Até para que não se tenha o que está estarrecendo o mundo acadêmico - alguém condenado a 40 anos - disse Marco Aurélio, ao ouvir a sugestão do presidente Ayres Britto, para que ele e a ministra Cármen Lúcia votassem após o intervalo sobre a pena para Ramon Hollerbach em relação ao crime de lavagem de dinheiro.
A intervenção de Marco Auélio irritou o relator, ministro Joaquim Barbosa, que foi interpelado pelo colega:
- Lhe peço que cuide das palavras que venha utilizar quando estiver votando.
Barbosa sorriu, e retrucou:
- Sei utilizar muito bem o vernáculo.
- O deboche não cabe, presidente - viltou a protestar Marco Aurélio.
Barbosa voltou à carga:
- Se existe réu condenado a 40 anos, é porque ele cometeu crimes que...
- Não insinue, ministro. - cortou Marco Aurélio. - Não admito que Vossa Excelência suponha que todos aqui sejam salafrários.
Provocado pelo colega, antes de anunciar as medidas que tomou para apressar o cálculo das penas dos réus condenados, Joaquim Barbosa decidiu justificar os cálculos propostos por ele, e critica o uso da pena mínima para a maioria dos réus.
O STF reiniciou hoje o cálculo das penas dos 25 condenados no processo do mensalão. Até agora, só foi definida a pena do operador do esquema, Marcos Valério, em 40 anos, seis meses e um dia de prisão. Apesar disso, o presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, disse na última terça-feira, em Aracaju, que o julgamento pode acabar antes de sua aposentadoria, em 16 de novembro. Nesta data, Ayres se aposentará compulsoriamente ao completar 70 anos. (O Globo).
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