Cerca de mil pessoas compareceram hoje (26) à marcha de abertura do Fórum Social Temático (FST), em Porto Alegre (RS), conforme estimativa da Brigada Militar do estado. A maior parte dos participantes este ano, no entanto, foi formada por sindicalistas ligados a quatro centrais, e não pelos movimentos sociais, como ocorreu em anos anteriores.
“Parece mais um movimento sindical que um movimento social”, admitiu o diretor de Direitos Humanos da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Mário Silva. Ele reconheceu que a participação dos militantes que tradicionalmente compunham o Fórum Social Mundial e os temáticos foi reduzida, mas reafirmou a crença de que o fórum deste ano irá ocorrer com sucesso. “Com certeza diminuiu a participação de alguns movimentos mais ligados à CUT [Central Única dos Trabalhadores]. Mas nós estamos aqui, o fórum está acontecendo”, completou Silva.
Em meio às bandeiras e a militantes uniformizados da Força Sindical, UGT, Central dos Trabalhadores do Brasil e Nova Central, pequenos grupos ligados a movimentos sociais independentes compareceram à marcha. Astreia Mendes Abal, por exemplo, participou da marcha com cerca de dez amigos para pedir por uma nação mais fraterna. “Nós fazemos parte de um movimento chamado Nação Pacha Mama e viemos semear o nosso sonho de liberdade. Nós lutamos contra o sistema e acreditamos em uma nação mais fraterna, com um pouco mais de ternura. Viemos dar um basta, precisamos olhar o outro com compaixão e não com competição”, disse.
Apesar de o discurso de Astreia parecer destoante do tom político e social de encontros anteriores, ela faz parte dos novos grupos que formam o fórum. Para o presidente da Força Sindical no Rio Grande do Sul, Lélio Falcão, o evento não está esvaziado em relação aos movimentos sociais. “Como as centrais sindicais são muito organizadas, talvez a presença desses movimentos sociais não apareça tanto. Mas eu vi várias ONGs [organizações não governamentais] misturadas em meio aos sindicalistas. Acho que teve adesão sim”, avaliou Lélio. Apesar de a Força ser a principal organizadora do evento este ano, os dirigentes da central não fizeram estimativa de público na marcha.
A principal razão para a redução no número de bandeiras e militantes ligados a movimentos sociais na abertura do fórum pode estar na saída oficial da CUT e de algumas instituições, como a Marcha Mundial das Mulheres e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) do evento. Eles alegam que a ingerência da prefeitura, principal patrocinadora, na organização fere a carta de princípios e a independência do fórum. Além disso, os movimentos estão insatisfeitos com a nova temática, mais voltada para as questões ambientais do que para as sociais, políticas e econômicas que sempre permearam os debates.
As atividades do fórum começam amanhã (27), com painéis e mesas de debates sobre diversos assuntos. O tema do evento este ano é Democracia, Cidades e Desenvolvimento Sustentável. Após a marcha, os participantes vão assistir a vários shows no Anfiteatro Por do Sol. (Agência Brasil)
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