Com o anúncio surpreendente do papa Bento 16 de que
vai renunciar no final deste mês, pode estar chegando o momento de a
Igreja Católica Romana eleger seu primeiro líder de fora da Europa, e
poderia ser um latino-americano.
A região já representa 42 por cento da população
católica mundial de 1,2 bilhão, o maior bloco único na Igreja, em
comparação com 25 por cento na Europa.
Depois dos papas João Paulo e Bento, um polonês e um
alemão, o posto no passado reservado para italianos está agora aberto a
todos.
Dois altos funcionários do Vaticano recentemente deram
sugestões claras sobre possíveis sucessores, indicando que o próximo
papa poderia muito bem ser da América Latina.
"Eu conheço muitos bispos e cardeais da América Latina
que poderiam assumir a responsabilidade pela Igreja universal", afirmou o
arcebispo Gerhard Mueller, chefe da Congregação para a Doutrina da Fé.
O cardeal suíço Kurt Koch, chefe do departamento do
Vaticano para a unidade dos cristãos, disse ao jornal Tagesanzeiger, em
Zurique, que o futuro da Igreja não estava na Europa.
"Seria bom se houvesse candidatos da África ou América
do Sul no próximo conclave", declarou ele, referindo-se à eleição a
portas fechadas na Capela Sistina, no Vaticano.
Se realmente for a vez da América Latina, os principais
candidatos parecem ser Dom Odilo Scherer, arcebispo da diocese de São
Paulo, ou o ítalo-argentino Leonardo Sandri, agora à frente do
departamento do Vaticano para as Igrejas Orientais.
FAVORITOS NESTE MOMENTO
Embora não haja candidatos oficiais, segue uma lista de
"papáveis" (potenciais papas) mencionados com mais frequência
recentemente. A lista está em ordem alfabética e poderá mudar entre
agora e quando o conclave for realizado, provavelmente em março.
- João Braz de Aviz, (Brasil, 65) trouxe ar fresco para
o departamento do Vaticano para congregações religiosas quando ele
assumiu em 2011. Ele apoia a preferência para os pobres na teologia da
libertação da América Latina, mas não os excessos de seus defensores.
- Timothy Dolan, (EUA, 62) tornou-se a voz do
catolicismo dos EUA depois de ser nomeado arcebispo de Nova York, em
2009. Seu humor e dinamismo impressionaram o Vaticano, onde as duas
coisas estão em falta. Mas cardeais estão receosos de um "superpapa" e
seu estilo pode ser norte-americano demais para alguns.
- Marc Ouellet, (Canadá, 68) é o chefe da Congregação
para os Bispos. Ele disse uma vez que se tornar papa "seria um
pesadelo". Apesar de bem relacionado, o secularismo generalizado de sua
Quebec nativa poderia atrapalhá-lo.
- Gianfranco Ravasi, (Itália, 70) é ministro da Cultura
do Vaticano desde 2007 e representa a Igreja para o mundo da arte,
ciência, cultura e até mesmo para ateus. Este perfil poderia
prejudicá-lo se os cardeais decidirem que precisam de um pastor
experiente em vez de outro professor como papa.
- Leonardo Sandri, (Argentina, 69) nasceu em Buenos
Aires de pais italianos. Ele deteve o terceiro posto mais alto do
Vaticano como chefe de gabinete em 2000-2007, mas não tem experiência
pastoral.
- Odilo Pedro Scherer, (Brasil, 63) é considerado o
mais forte candidato da América Latina. Arcebispo de São Paulo, a maior
diocese do maior país católico, ele é conservador em seu país, mas
considerado moderado nos demais lugares. O rápido crescimento das
igrejas protestantes no Brasil poderia pesar contra ele.
- Christoph Schoenborn, (Áustria, 67) é um ex-aluno de
Bento com um toque pastoral que o pontífice não tem. O arcebispo de
Viena foi classificado como "papável" desde a edição do catecismo da
Igreja na década de 1990.
- Angelo Scola, (Itália, 71) é arcebispo de Milão, um
trampolim para o papado, e muitos italianos apostam nele. Especialista
em bioética, ele também conhece o Islã como chefe de uma fundação para
promover a compreensão entre muçulmanos e cristãos. Sua densa oratória
pode irritar cardeais que buscam um comunicador caristmático.
- Luis Tagle (Filipinas, 55) tem um carisma muitas
vezes comparado com o do falecido papa João Paulo 2o. Ele também é
próximo ao papa Bento depois de trabalhar com ele na Comissão Teológica
Internacional. Embora tenha muitos fãs, ele só se tornou cardeal em
2012.
- Peter Turkson (Gana, 64) é o principal candidato
africano. Chefe do escritório de justiça e paz do Vaticano, é o
porta-voz da consciência social da Igreja e apoia a reforma financeira
mundial. (Reuters)
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