O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou nesta quarta-feira que a possibilidade
de a Casa não cumprir uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF)
é "zero".
Ele respondia a jornalistas a uma pergunta sobre as
chances de a Câmara não acatar a determinação da Corte sobre a perda de
mandato dos deputados condenados no julgamento do mensalão.
"Não há a menor possibilidade, o risco mínimo de
confronto entre o Legislativo e o Judiciário é zero. Zero. Quem pensar
diferente, é a frase popular: tire o cavalinho da chuva", disse ele,
após se reunir com o presidente do STF, Joaquim Barbosa.
Na segunda-feira, ao tomar posse, Henrique Alves deu
declarações que foram interpretadas como uma afronta à decisão do STF.
"Os outros Poderes, com todo o respeito... mas o Poder que representa o
povo brasileiro, na sua mais sincera legitimidade, queiram ou não
queiram, é esta Casa aqui, é o Legislativo, é Parlamento brasileiro",
disse ele há dois dias.
Nesta quarta, o novo presidente da Câmara destacou "o respeito" entre os dois Poderes.
"É imenso o respeito entre o Legislativo e o Judiciário
e vice-versa...Então cada um sabe sua responsabilidade", declarou.
Alves afirmou ainda que o procedimento na Câmara para
confirmar a cassação dos deputados condenados no mensalão será "rápido",
mas é preciso o processo chegar ao Congresso primeiro.
Ele disse que cabe à Câmara cumprir as "formalidades legais" e sem possibilidades de "confrontar o mérito".
Em dezembro do ano passado, a maioria dos ministros do
STF decidiu que os parlamentares envolvidos no mensalão, esquema de
compra de apoio político no primeiro mandato do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, deveriam perder seus mandatos assim que o processo
for encerrado.
O julgamento da ação penal foi concluído, mas ainda
falta a publicação do acórdão e recursos podem ser apresentados. Entre
os condenados, estão o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e o
ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
A decisão da Suprema Corte afeta os mandatos dos
deputados José Genoino (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa
Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT), todos condenados no julgamento.
A determinação do STF de cassar o mandato de deputados
condenados provocou um embate com o Congresso e gerou diversas
interpretações sobre que poder --Legislativo ou Judiciário-- tem a
prerrogativa de tomar mandatos de parlamentares.
O ex-presidente da Câmara Marco Maia (PT-RS) chegou a
dizer, antes da decisão do Supremo, que poderia não cumpri-la.(Reuters)
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