A vida na 'swinging London' dos anos 1960 foi tema de dezenas de
fotógrafos, de David Bailey, 75, a Brian Duffy (1933-2010), ambos
conhecidos por suas fotos de moda, mas um dos pioneiros a registrar a
cena pop musical da capital inglesa foi mesmo Terry O’Neill, 75, que
abre nesta quinta-feira, às 19 h, no piso térreo do Shopping Cidade
Jardim, uma exposição com os últimos 40 anos de sua produção, das
primeiras fotos dos Beatles a Amy Winehouse. "Rockstars", a mostra
produzida pela Galeria Lume com curadoria de Paulo Kassab Jr., traz 22
imagens de músicos que marcaram a história do rock. O’Neill ficou amigo
de todos eles, assinando capas de discos para David Bowie ("Diamond
Dogs") e Elton John ("A Single Man"), entre outros. Foi também casado
(entre 1983 e 1987) com uma estrela, Faye Dunaway, que conheceu no dia
em que ela recebeu o Oscar de melhor atriz por "Rede de Intrigas"
(Network).
É de O’Neill uma das melhores fotos de Faye Dunaway, feita na
madrugada do dia 29 de março de 1977, à beira da piscina do Beverly
Hills Hotel, onde estava hospedada. "Não queria fazer uma foto
convencional, dessas em que o vencedor aperta o Oscar entre as mãos",
conta o fotógrafo. Ele, então, propôs à futura esposa que relaxasse. A
atriz se deixou fotografar de peignoir e salto alto, esparramada na
cadeira, pisando sobre os jornais do dia com cara de tédio e
praticamente ignorando a estatueta do Oscar sobre a mesa. Não era para
ser uma foto conceitual, mas acabou virando ícone de museu: uma das
cópias está na National Portrait Gallery de Londres.
O’Neill, que ganhou notoriedade por registrar seus personagens fora
do estúdio, em busca de uma relação mais natural com o ambiente, começou
sua carreira profissional em 1959, fotografando para o Daily Sketch,
então o principal jornal ilustrado de Londres. Foi graças a um feliz
incidente que o jornal o contratou. Tinha 21 anos e já havia desistido
de fazer carreira como baterista de jazz quando, trabalhando como
trainee da extinta Boac (hoje British Airways) no aeroporto Heathrow de
Londres, fotografou com sua Agfa um homem tirando uma soneca no banco de
espera. "Eu só não sabia que ele era Rab Butler, ministro do Exterior",
conta, rindo. O Sunday Dispatch, que parou de circular em 1961,
publicou a foto na primeira página - provavelmente com a perversa
intenção de usar Butler como metáfora, mostrando como o governo inglês
dormia no ponto.
Visitando o Brasil pela primeira vez, O’Neill fez questão de
fotografar seu ídolo, Pelé. "Ele é mesmo carismático, me faz lembrar
Nelson Mandela, com quem passei uma semana para realizar uma série de
fotos que registrou seus 90 anos, em 2008." No mesmo ano, Amy Winehouse
posou para O’Neill e mandou a foto autografada para Mandela. O fotógrafo
também passou pelo Palácio de Buckingham para clicar a rainha e já
apontou sua câmera para outras personalidades do mundo político, entre
elas Winston Churchill e Margaret Thatcher, além de celebridades do
mundo do esporte como o boxeador Muhammad Ali, flagrado durante treino
em Dublin. Seu negócio, porém, são os músicos.
São de O’Neill algumas das melhores fotos de Bono Vox, líder do U2.
Conhece pouco os fotógrafos brasileiros, mas cita Sebastião Salgado como
um dos seus preferidos, talvez pelo fato de ter as pessoas como modelos
ideais, e não a paisagem ou a arquitetura. "Sinto-me confortável
fotografando gente", resume. De preferência, em preto e branco. "É mais
realista. AE
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