O número de pessoas presentes na Praça de São Pedro
para a missa de Páscoa e a bênção urbi et orbi deste domingo ficou à
altura das expectativas suscitadas pelo papa Francisco, com sua aura de
humildade e simplicidade e os ares de mudança que traz à Igreja
Católica.
Cerca de 250.000 pessoas de todo o mundo compareceram a esta liturgia pascal que lembra a ressurreição de Cristo.Apenas aqueles que tinham um convite puderam entrar no recinto delimitado milimetricamente dentro da Praça, mas as artérias que levam ao centro nevrálgico do catolicismo estavam lotadas de fiéis.
Apenas os mais ousados serpenteavam entre os vendedores de jornais e cartões com a nova imagem do primeiro Papa jesuíta da história, entre mendigos, carrinhos de bebês e braços erguidos segurando todo o tipo de smartphones, além de algumas câmeras fotográficas e de vídeo, lembrança de uma época que parece pré-histórica.
Apenas os mais altos conseguiram tirar algumas fotos do novo papa, posicionado ao fundo da Praça no altar montado para a ocasião, antes de aparecer no balcão da Basílica para dar à cidade e ao mundo sua bênção acompanhada de uma indulgência plenária, para apagar os pecados cometidos pelos fiéis.
A bênção urbi et orbi levou uma mensagem contra as guerras e a violência que atingem, em particular, o Oriente Médio, com uma menção especial à Síria, ao Iraque e ao longo conflito entre israelenses e palestinos, assim como os conflitos na África, sobretudo no Mali, na República Democrática do Congo e na República Centro-Africana, e às tensões crescentes na península da Coreia, com a ameaça de uma catástrofe nuclear.
Também incluiu temas como o tráfico de drogas e de pessoas, a deterioração do meio ambiente e um apelo em favor do amor em vez do ódio, da paz em vez da guerra e do perdão em vez da vingança, provocando aplausos e comentários de aprovação da audiência. AFP
Como milhares de compatriotas que romperam sua tradicional indiferença com o que se passa no Vaticano nestas datas, a italiana Stefania Spalluti, de 30 anos, foi neste domingo à Praça de São Pedro atraída pela personalidade do novo Papa.
Ela se animou em particular pela multiplicação dos "pequenos gestos" que mostraram um pouco da personalidade do Papa desde que foi eleito ao trono de Pedro, no dia 13 de março.
"É diferente, muito próximo do povo. Fez coisas muito simples que não se espera de um Papa", afirmou, antes de confessar que é isso que a aproxima novamente da Igreja. "Tenho um sentimento diferente, estou muito mais envolvida neste momento", afirmou.
"Simplicidade, amor, humildade" é o que espera da Igreja o veneziano Roberto Tosettio, de 51 anos.
Francisco apresenta este estilo de vida afastado da pompa de seus antecessores em muitos aspectos, como em sua forma de se vestir com uma simples batina branca e em sua abordagem das pessoas. Também optou por viver até o momento em um quarto simples de uma residência de sacerdotes em vez do luxuoso apartamento do Vaticano.
Ao término da missa, recebeu uma camisa do San Lorenzo, o clube de futebol argentino pelo qual torce, e se inclinou para abraçar, beijar e acariciar um grupo de jovens deficientes físicos em meio aos aplausos do público.
"É muito mais social do que o Facebook", brincou Tosettio, que considera que o agora papa emérito Bento XVI "afugentava os fiéis", apesar de seu combate contra o que considerava a "ditadura do relativismo".
Já a colombiana Doralis está convencida de que as ovelhas desiludidas da Igreja irão retornar, atraídas pela transparência e pela personalidade de Francisco.
Essa opinião não é compartilhada por Ana Bernado, de 50 anos, para quem, embora este Papa tenha mais "feeling e mais carisma" do que seu antecessor, agora as pessoas "são mais espertas do que antes e não se deixam levar tão facilmente" pela religião.
0 comentários:
Postar um comentário