O suspeito das explosões em Boston Dzhokhar Tsarnaev,
hospitalizado em estado grave, recuperou a consciência e começou a
responder, por escrito, a perguntas dos investigadores, na noite deste
domingo, informaram autoridades, em meio às dúvidas em torno da situação
jurídica do jovem de origem chechena.
O FBI, por sua vez, se encontra sob o foco das críticas pela falta de
vigilância sobre a radicalização do irmão mais velho de Dzhokhar,
Tamerlan, que, segundo uma fonte das forças de ordem da república do
Daguestão, chegou a chamar repetidas vezes a atenção dos serviços de
segurança locais.
O jovem de 19 anos, hospitalizado após uma perseguição que durou 24
horas, é suspeito de ser o autor com seu irmão mais velho, morto em um
tiroteio com a polícia, dos dois atentados durante a Maratona de Boston
em 15 de abril.
Mas, poucas horas depois de sua prisão, ele não estava em condições de
ser interrogado pelos policiais antiterrorismo treinados para interrogar
detidos perigosos, indicou à AFP um funcionário da força de ordem.
No entanto, segundo a imprensa americana, ele recuperou a consciência domingo à noite.
O canal NBC News, que citou fontes da investigação federal, informou
que, apesar de uma lesão na garganta que o impede de falar, o jovem de
19 anos estava começando a responder as perguntas dos investigadores.
A ABC News afirmou que Tsarnaev estava respondendo "esporadicamente
por escrito" e que os investigadores questionam sobre outros membros
potenciais de células terroristas ou outros planos de explosões.
O chefe da polícia de Boston, Ed Davis, declarou no domingo à CBS que
os irmãos Tsarnaev estavam equipados para cometer outro ataque com
"dispositivos explosivos artesanais", incluindo "granadas caseiras que
foram lançadas contra a polícia".
De acordo com a CNN, o jovem americano de origem chechena está
"entubado e sedado". Já a CBS, citando investigadores, informou que ele
foi atingido em dois lugares e havia perdido muito sangue.
Referindo-se a uma lesão no pescoço, os investigadores têm especulado
que ele pode ter tentado cometer suicídio, atirando em sua própria
boca, segundo o canal.
Dzhokhar Tsarnev é tratado no mesmo hospital que as vítimas do duplo
atentado durante a maratona, que deixou três pessoas mortas e cerca de
180 feridos. Continuam hospitalizadas 57 vítimas, incluindo duas em
estado grave, segundo a CNN.
Para obter o máximo de informações, em especial para saber se os
irmãos Tsarnaev agiram sozinhos ou receberam apoio, os investigadores
vão retirar a "exceção da segurança pública" para interrogar Dzhokhar
Tsarnaev.
Desta forma, por alguns dias, ele não beneficiará dos chamados
direitos de Miranda, que preveem o direito de permanecer em silêncio e
de ser assistido por um advogado durante o interrogatório.
Combatente inimigoVários
senadores republicanos não hesitaram em afirmar que Dzhokhar Tsarnaev,
apesar de sua cidadania americana, deve ser designado como um
"combatente inimigo".
Este estatuto, comum aos presos de Guantánamo, prevê que uma pessoa
pode ser detida indefinidamente sem julgamento ou ser julgado por um
tribunal militar.
Enquanto isso, os investigadores se concentram na viagem de seu irmão
Tamerlan, de 26 anos, ao Daguestão e à Chechênia, no Cáucaso russo.
Nesta segunda-feira, o pai de dois jovens, Anzor, que vive no
Daguestão, defendeu a inocência dos filhos, dizendo em uma entrevista a
um jornal russo que Tamerlan só queria voltar a viver com sua família.
"É verdade que Tamerlan tornou-se muito religioso após o casamento e
ia à mesquita toda sexta-feira. (...) Mas era um bom muçulmano e não
poderia fazer o que ele é acusado de ter feito", declarou Anzor
Tsarnaev. No ano passado, "ele viajou apenas para visitar familiares",
acrescentou.
As autoridades russas pediram ao FBI em 2012 para investigar
Tamerlan, com base "em informações de que ele era um defensor do Islã
radical e um fiel fervoroso, e que ele mudou drasticamente em 2010",
reconheceu o serviço secreto americano, que por não encontrar pistas
incriminadoras relaxou sua vigilância.
Uma fonte das forças de ordem do Daguestão afirmou que Tamerlan
Tsarnaev chamou repetidas vezes a atenção dos serviços de segurança
dessa república.
"Tamerlan Tsarnaiev permaneceu aqui por cinco meses e 13 dias em
2012", declarou esta fonte dos órgãos de segurança, ligada ao serviço de
luta contra o terrorismo.
Durante este período, "esteve pelo menos quatro vezes na mira de nosso serviço", indicou a fonte, que pediu anonimato.
"Nós vigiávamos um outro jovem, que era suspeito de ter ligações com
uma comunidade islâmica clandestina, e que foi visto na companhia de
Tamerlan. Mas, então, o jovem saiu do campo de visão das forças de
segurança e também não vimos mais Tamerlan", precisou.
"Nada foi encontrado que pudesse justificar uma prisão ou acusação", acrescentou a fonte.
O FBI tem sido alvo de críticas por não ter continuado a acompanhar o jovem quando este retornou a Boston em julho de 2012.
"Há muitas perguntas que merecem respostas", declarou o senador
Charles Schumer. "Por que ele não foi interrogado em seu retorno? E o
que aconteceu na Chechênia para que se tornasse radical?"
Para Lindsay Graham, "o FBI deixou passar" elementos que poderiam
alertar sobre sua radicalização. "Ele visitava sites que falam sobre
matar americanos (...) claramente emitia ideias radicais, ele visitou
regiões de radicalismo" islâmico, listou.
As autoridades russas indicaram no domingo que não encontraram nenhuma ligação entre os irmãos Tsarnaev e a rebelião no Cáucaso.
O comando da rebelião no Daguestão disse, por sua vez, em em um
comunicado que os rebeldes caucasianos "não realizam operações militares
contra os Estados Unidos da América.". AFP
- Blogger Comment
- Facebook Comment
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
0 comentários:
Postar um comentário