O Banco Central (BC) não está passivo, “olhando a resistência da
inflação”, disse hoje (2) o presidente da instituição, Alexandre
Tombini, em audiência pública no Senado. Segundo ele, o BC está agindo
desde janeiro, por meio da comunicação ao mercado. Tombini lembrou que
foi retirada dos documentos divulgados pelo banco informação segundo a
qual a taxa básica de juros (Selic) seria mantida por “período de tempo
suficientemente prolongado”.
De acordo com Tombini, essa mudança na comunicação já produziu impactos
nas condições financeiras e monetárias. “O Banco Central tem observado
resistência da inflação nos últimos meses. Estamos trabalhando já.
Comunicação é parte integrante da política monetária”, disse ele.
A Selic é o instrumento do Banco Central para influenciar a atividade
econômica e, por consequência, calibrar a inflação. Com a alta dos
preços, o mercado financeiro espera por aumento da Selic ao longo deste
ano. A expectativa é que a taxa encerre 2013 em 8,5% ao ano. Mas o
mercado não espera por elevação já na reunião deste mês do Copom.
Na audiência, Tombini enfatizou que o Banco Central “não se sujeita a
qualquer tipo de pressão” e lembrou que a instituição tem autonomia
operacional para definir a Selic.
O presidente do BC foi questionado por senadores sobre declarações feitas na semana passada pela presidente Dilma Rousseff sobre
a inflação. A presidenta disse, na ocasião, que quem fala sobre
inflação é o ministro da Fazenda e que é contra medidas de combate à
inflação que comprometam o ritmo de crescimento econômico do país.
Tombini ressaltou ter esclarecido tais declarações na semana passada, ao
dizer que o BC tem autonomia para definir a Selic, se e quando achar
necessário. Sobre inflação, “fala a equipe econômica e sobre juros, fala
o Banco Central”, acrescentou.
Na audiência, ele falou também sobre o aumento das projeções da
instituição para a inflação. “O Banco Central apresenta as suas melhores
projeções em relação à inflação. A inflação no primeiro trimestre
explica boa parte desse aumento na projeção para o ano”, explicou.
Na última quinta-feira (28), o BC informou que a inflação deve chegar a 5,7% este ano. A projeção ficou 0,9 ponto percentual acima da previsão de dezembro e do centro da meta (4,5%).
De acordo com as projeções do BC, a inflação deve apresentar variação
acima do limite superior da meta ao longo deste ano. O Índice de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA), em 12 meses, deve chegar ao final do
primeiro trimestre em 6,5% e subir para 6,7% no segundo trimestre.
Depois, a expectativa é que a inflação diminua para 6% e 5,7% no
terceiro e quarto trimestres, respectivamente. Ao final de 2014, a
estimativa é que a inflação fique em 5,3%. ABr
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