A base governista no Congresso espera as explicações do governo sobre
os vetos à nova Lei dos Portos, sancionada ontem (5), para chegar a um
consenso sobre a votação dos pontos, quando os vetos entrarem na pauta
do Legislativo. O assunto só deve começar a ser discutido na semana que
vem pelas bancadas.
“É importante discutir politicamente e [é fundamental] o governo
explicar as razões dos vetos. Queremos aproximar e tornar coesa a base
do governo”, disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Segundo ele, a Câmara dos e o Senado ainda precisam definir o
mecanismo para a votação e a prioridade desses vetos. “O processo vai
caminhar com tranquilidade e dentro do entendimento”, disse Jucá,
lembrando que o processo das novas regras termina apenas com a votação
dos vetos no Congresso.
A presidenta Dilma Rousseff sancionou ontem a nova Lei dos Portos, com dez vetos ao texto que foi aprovado pelo Congresso há um mês. A suspensão dos itens
que passam por 13 pontos da legislação, segundo o governo, foi feita
para garantir a competitividade e a segurança jurídica no setor.
O governo espera apresentar uma regulamentação da nova lei em 15
dias. Nesse período, senadores e deputados terão que decidir sobre, por
exemplo, a retirada do conceito de “terminal indústria”, que distingue
carga própria e de terceiros. A proposta do Executivo é que a
competitividade seja garantida por alguns mecanismos, como a permissão
para que os terminais recebam todas as cargas.
Alguns parlamentares prometem resistência aos vetos, mas as
lideranças ainda não acertaram como vão votar as restrições apresentadas
pelo Executivo. "Os vetos demonstram que o processo começou errado e
terminou pior ainda. Há uma imposição de gestão por parte do Executivo",
avaliou o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), por outro
lado, disse que o governo cumpriu o acordo de não vetar pontos acertados
com as bancadas antes da votação da proposta no Congresso. “Aquilo que
havia acordo no relatório foi mantido. Aquilo que não havia acordo, não
houve avanço. Ou seja, o que foi incluído na comissão e no plenário da
Câmara que não fazia parte do nosso relatório e três itens do relatório
que não tinham acordo desde o início foram alcançados pelos vetos”,
disse.
A decisão dos parlamentares sobre os vetos deve ser prioridade dos
presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara dos Deputados,
Henrique Alves. No Senado, mais de 3 mil vetos aguardam a decisão do
Legislativo que têm tentado encontrar uma solução para o
congestionamento de votações pendentes.
Com a sanção da nova lei, portos e terminais, como 23 obras no estado
do Amazonas, poderão ser concluídos. Os projetos que já tinham
relatórios de órgãos de fiscalização e controle, dependiam das novas
regras para terem os R$ 86 milhões liberados para a conclusão.
“O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)
pode agora requisitar recursos que farão com que esses terminais sejam
entregues à população que depende muito do transporte através dos rios e
hidroviário na região”, disse Braga.ABr
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