Falta de rumo político afeta economia do País, diz FHC

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso discutiu a situação econômica atual do Brasil no programa Canal Livre, da TV Bandeirantes, no domingo, 23, e afirmou que o cenário não é positivo para o País. Entre os aspectos destacados por FHC, a desaceleração da China, a recuperação dos Estados Unidos e "a falta de rumo" na política nacional têm afetado a economia brasileira.
Segundo o sociólogo e político, ainda temos uma abundância de dólares no mundo, causada por medidas de relaxamento monetário de bancos centrais estrangeiros, como o Federal Reserve Bank, dos EUA, no entanto esse fluxo não foi canalizado para investimentos no País, por causa de "uma política restritiva, com medo de fazer concessões".
Essa fase de abundância, no entanto, está chegando ao fim com a recuperação da economia dos EUA. Entre os efeitos apontados por FHC sobre este possível fim de abundância, está a desvalorização do real, que "arrebenta muitas empresas e pessoas". Para ele, as medidas do governo para conter esse movimento com atuação do Banco Central no mercado não são suficientes.
"A estabilidade da moeda é fundamental nesse mundo. E houve aqui uma certa hesitação política. O Banco Central custou a atuar, dá a impressão de que tudo é controlado e os capitais ficaram receosos", disse.
Ele também citou que a desaceleração da China pode ter impacto nos preços nas commodities, afetando o Brasil. "Os ventos internacionais não estão a favor do País".
Para Fernando Henrique, contudo, não foi só o contexto que mudou, as políticas nacionais também foram equivocadas. "Nós ficamos muito afastados das correntes de renovação", que incluem a revolução tecnológica. "Nós estamos um pouco acanhados nesse processo".
"Falta rumo. Falta operacionalidade, falta gestão, falta competência. Houve uma invasão do Estado no governo por interesses políticos, que, com isso, veem outros interesses, que não são só políticos". Para ele, sobra dinheiro, mas falta direção em como investi-lo. Para FHC, há uma ideia de que o governo pode fazer o PIB crescer quando quiser, contudo "não adianta gastar no que não vai funcionar". AE
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