Cerca de 500 manifestantes bloquearam temporariamente uma das vias de
acesso ao estádio do Castelão, em Fortaleza, onde aconteceu a partida
entre Espanha e Nigéria pela Copa das Confederações, para protestar
contra os altos investimentos do Governo para realizar a Copa do Mundo
de 2014.
O protesto, um dos muitos por melhores serviços
públicos que ocorrem no Brasil há duas semanas, interrompeu o trânsito
na avenida Alberto Craveiro, uma das principais vias de acesso ao
Castelão, quando faltava uma hora para o início da partida. Os
torcedores, no entanto, enfrentaram poucos problemas para chegar ao
estádio porque a polícia desviou o trânsito para outras ruas e a maioria
das pessoas preferiu chegar cedo ao Castelão justamente para evitar
problemas.
O protesto foi convocado para criticar os altos investimentos e os
possíves desvios de recursos públicos na construção dos estádios que a
Fifa exigiu do Brasil como sede do Mundial de 2014 e da Copa das
Confederações, que começou há uma semana. O s manifestantes fecharam a
via por cerca de meia hora, mas não avançaram rumo ao estádio como
alguns queriam, porque a polícia montou um cerco para fechar a passagem.
Após uma rápida negociação com a polícia, os manifestantes mudaram o
percurso e se dirigiram a uma via de acesso do aeroporto internacional
de Fortaleza, gerando transtornos para pessoas com voos marcados que se
dirigiam ao terminal aérea.
Pneus queimados
Mais
tarde, uma parte dos manifestantes que deixou o protesto no aeroporto
internacional Pinto Martins seguiu pela Avenida dos Expedicionários,
onde no final da tarde queimou dezenas de pneus de uma borracharia. Os
que ficaram interditando a Avenida Carlos Jereissati (cerca de 300
pessoas) liberaram no fim da tarde uma das faixas de acesso ao
aeroporto. Um helicóptero da Policia monitorou a manifestação, que ficou tensa, e terminou por volta das 19 horas.
Um
pouco mais cedo, taxistas que levam passageiros ao aeroporto Pinto
Martins ameaçaram avançar sobre os manifestantes que interditavam a
Avenida Carlos Jereissati, que dá acesso ao aeroporto. Já foram
registrados pela Polícia vários bate-bocas entre os taxistas e os
manifestantes, que exigem passar para deixar os passageiros na área de
embarque do aeroporto. Os passageiros, para não perderem os voos,
estavam caminhando cerca de um quilômetro até a área de embarque do
Pinto Martins.
Manifestantes hostilizavam equipes de reportagens
das TVs Diário e Jangadeiro, durante protesto no Movimento Mais Pão,
Menos Circo, em frente ao aeroporto. Carros das duas emissoras foram
pichados e os repórteres hostilizados. A Polícia bloqueou a entrada dos
manifestantes no aeroporto.
Outras cidades
Além de Fortaleza, outras cidades também tiveram manifestações programadas.
No
Rio de Janeiro, manifestantes organizaram uma passeata pela orla de
Copacabana. Os manifestantes protestam, entre outras coisas, contra os
gastos excessivos nas obras dos estádios de futebol para a Copa e contra
a PEC 37, proposta de emenda constitucional que restringe o poder de
investigação do Ministério Público.
Centenas de pessoas
caminharam pela Avenida Atlântica, no trecho tradicionalmente
interditado aos domingos para funcionar como áreas de lazer, em direção
ao Arpoador. A intenção, segundo alguns manifestantes que permanecem acampados próximo à casa do governador Sérgio Cabral, seria juntarem-se ao grupo do Leblon.
Em
Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, cerca de 200 pessoas iniciaram, à
tarde, uma caminhada em protesto no Parque Farroupilha, conhecido como
Redenção, um dos mais tradicionais da capital gaúcha. A manifestação é,
especialmente, contra a PEC 37.
Um abaixo assinado também está
sendo divulgado entre os participantes. Em paralelo, ocorre uma marcha
de crianças, organizada por meio das redes sociais. Os pequenos estão
auxiliando na confecção de cartazes.
Apesar de perderam intensidade desde quinta-feira, quando cerca de 1,2 milhões de brasileiros se mobilizaram, as manifestações, apoiadas por 75% dos brasileiros segundo uma pesquisa divulgada no sábado, continuam.
Nem o convite ao diálogo e a um pacto nacional para melhorar os
serviços públicos feitos pela presidente Dilma Rousseff na sexta-feira e
nem a redução das tarifas no transporte público, que era a
reivindicação inicial dos manifestantes, convenceram os brasileiros a
parar com as manifestações.
Os protestos começaram na semana passada em São Paulo, exclusivamente
contra o aumento das tarifas de transporte público, mas ganharam outras
reivindicações, como maiores investimentos na saúde e educação, e
críticas contra a corrupção e as elevadas despesas do Governo para
organizar eventos como o Mundial de futebol de 2014. EFE
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