Brasília – Sem entendimento sobre pontos polêmicos, representantes do
grupo de trabalho que discute mudanças na Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 37, que limita o poder de investigação do Ministério
Público, se reuniram hoje (6) com o presidente da Câmara, deputado
Henrique Alves, e se comprometeram a entregar um parecer até o dia 19.
Henrique Alves reafirmou que a PEC será votada “de forma
irreversível” no dia 26. “Voltei a fazer um apelo para que eles se
entendam; conversem porque é irreversível: dia 26 deste mês a matéria
vai à pauta e vai à votação”, disse o peemedebista.
O presidente da Câmara defendeu uma solução consensual que permita a
divisão de tarefas na investigação entre as polícias e o Ministério
Público. “Estou confiante, e esta Casa tem o dever de procurar
harmonizar o texto. O combate à corrupção, à impunidade tem que ter a
participação do Ministério Publico e dos delegados de forma harmônica e
responsável. Se não chegarem a um entendimento, deixei claro, vou pautar
e vamos votar”, acrescentou.
Hoje, a presidente em exercício da Associação Nacional dos Membros do
Ministério Público, Norma Cavalcanti, entregou proposta de anteprojeto,
com 48 artigos, para regulamentação da investigação criminal.
“A proposta que defendemos realmente é a da regulamentação, com
regras de prazos, de judicialização das investigações e a amplitude nas
investigações de forma total. Não deve existir a palavra privativa para
nenhuma das partes. Nem para o Ministério Público, nem para a polícia”,
defendeu Cavalcanti.
O vice-presidente parlamentar da Associação dos Delegados de Polícia
do Brasil, Benito Augusto Tiezzi, disse que é preciso, primeiramente,
definir os aspectos constitucionais para, posteriormente, tratar da
regulamentação.
“Nosso intuito é manter a investigação que proteja não só aquele que
foi vítima, mas o investigado. O que falamos é que toda a investigação
tem que ter por base o inquérito policial. Se vier, em algum momento,
algum tipo de autorização, que se tenha como regra o inquérito policial.
A exceção não pode ter regra própria, tem que submeter à regra geral”,
argumentou.
O deputado Fábio Trad (PMDB-MS), representante da Câmara no grupo de
trabalho, informou que haverá mais três reuniões, nos dias 12, 13 e 18
deste mês, para tentar buscar um acordo. “O importante é considerar que,
quando a PEC foi proposta não se admitia sequer a possibilidade de
investigação por parte Ministério Público, isso agora é consenso. Falta
definir em quais hipóteses”, argumentou Trad.
A PEC 37 foi apresentada em junho de 2011 pelo deputado federal e
delegado de polícia Lourival Mendes (PTdoB-MA). O texto altera trecho da
Constituição, indicando que a apuração das infrações penais é função
privativa das polícias Civil e Federal. Na prática, a medida impedirá o
Ministério Público de assumir a investigação de crimes, prática usual
desde que teve seus poderes ampliados na Constituição de 1988. ABr
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