Dom Cláudio Hummes poderá ocupar a partir de outubro um dos
principais cargos da Cúria. Informações do alto escalão na secretaria de
Estado da Santa Sé indicam que o próprio papa Francisco chamou o
brasileiro para Roma. Procurado pelo Estado, d. Claudio negou: "Não estou sabendo de nada".
Apesar da idade avançada, 79 anos, e do fato de estar aposentado, a
expectativa no Vaticano é de que o brasileiro acabe aceitando o convite
do papa. Hummes já ocupou cargo de "ministro" durante o pontificado de
Bento XVI - foi prefeito da poderosa Congregação para o Clero.
Ainda teve papel central na eleição do argentino Jorge Mario
Bergoglio para papa. Mobilizou votos e até sugeriu o nome Francisco, que
o cardeal assumiria como pontífice. O argentino retribuiu desde o
primeiro momento de sua eleição a amizade e levou Hummes para o balcão
da Basílica de São Pedro na noite em que foi escolhido.
O pontífice teria oferecido duas opções ao brasileiro, diante das
mudanças que começará a realizar a partir de outubro, quando se cercará
de seus aliados. Até hoje, a Cúria é ocupada pelos cardeais nomeados por
Bento XVI.
As opções. Um dos cargos à disposição de Hummes
seria o de decano do colégio cardinalício, ocupado pelo italiano Angelo
Sodano desde 2005. O colégio é constituído por todos os cardeais e
existe para ajudar e aconselhar o papa, tanto em temas da administração
do Vaticano quanto em relação à fé.
O cargo de decano é ocupado depois de uma eleição. Mas o papa poderia
sugerir o nome, o que definiria a votação - em 2002, João Paulo II
nomeou para o cargo seu sucessor, o então cardeal Ratzinger.
Tradicionalmente, o decano e o papa têm consultas permanentes e
pontífices nos últimos anos têm optado por escolher religiosos que sejam
próximos.
Foi essa a atitude também de Bento XVI que justamente optou por
Sodano, um amigo. Ele foi um dos poucos que souberam da renúncia do papa
alemão antes que fosse anunciada.
Outro a saber foi o cardeal camerlengo - cargo também sugerido a d.
Cláudio. O titular do cargo responde pela transição na Igreja, caso o
pontífice morra ou renuncie. O "papa interino" ainda deve administrar o
Vaticano, constatar a morte do pontífice e definir o funeral, além de
convocar o conclave.
AE
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