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Segundo matéria do Jornal O Estado de S. Paulo, enquanto a presidente Dilma Rousseff está tendo de lidar com a queda brusca nos índices de aprovação de sua popularidade, a homônima Dilma Bolada, sátira da 'presidente mandona' que faz sucesso nas redes sociais, vive dias bem mais tranquilos. O pai da personagem, como o próprio Jeferson Monteiro se define, conta em entrevista exclusiva ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que foi justamente neste momento de crise que a personagem contabilizou o seu maior crescimento, desde a criação, em 2010. O estudante de publicidade é um admirador da presidente Dilma, apesar de nunca ter sido filiado a um partido político, e afirma que a história do perfil começou justamente por isso.

Foram cerca de 64 mil novos fãs no Facebook entre os dias 15 e 27 de junho. A média de 5.300 novas curtidas por dia representa um aumento de 350% na comparação com os números das semanas anteriores. "Pode-se dizer que este é um case bem sucedido de gerenciamento de crise nas redes sociais, pois foi o maior período de crescimento da página até hoje", diz Jeferson, lembrando que sua sátira, com 425 mil fãs, é mais popular que qualquer outra página de político no Facebook no Brasil. No Twitter são 133 mil seguidores do @diImabr, 18 mil deles chegaram na segunda quinzena de junho.

A mudança de postura da "Bolada" começou junto com os dias difíceis da presidente, no momento em que ela foi vaiada em Brasília na abertura da Copa das Confederações. "Ali já começava um momento muito delicado, a imagem da Dilma já sofria algum impacto. Até então era um personagem inspirado em uma presidente que já teve quase 80% de aprovação", diz seu criador. Ele conta que tinha três opções: "ou eu deixava a personagem calada, ou assumia uma posição de oposição ao governo - postura que não tenho particularmente -, ou eu agia ao lado dos manifestantes e sem ser contra a presidente, sendo o mais imparcial possível". Ele escolheu a última.

Seguindo esta linha, Jeferson denunciou na página abusos policiais e deu um tom mais sóbrio à sua personagem, diminuindo, inclusive o uso de hashtags, marca da personagem. "Aquela autoexaltação dela ficou de lado. Se eu posto 'sou diva, sou isso e aquilo' poderia causar raiva". Com o aumento no fluxo de informações nas redes sociais durante o período de manifestações, ele optou por postagens mais curtas porque "as pessoas não paravam para ler".

Mesmo certo de que adotou a melhor postura, Jeferson não escapou das críticas. "Está evidente que deixou de ser um olhar debochado de nosso sistema político e passou a ser um amor platônico pela presidenta. Valeu. Até nunca mais", disse uma ex-seguidora. Entre os dias 14 e 24 de junho, no auge das manifestações, 7.413 pessoas deixaram de seguir a página. Em contrapartida, desde os anúncios dos pactos, ele conta que voltaram os comentários com elogios, as pessoas chamando de 'Rainha da Nação', coisa que diminuiu muito durante a crise".

Perguntado sobre a repercussão do recuo do governo na questão da Constituinte exclusiva, Jeferson diz que a maioria dos fãs da página não se importou com isso. "O que falou mais alto foi o plebiscito e a reforma política."

Protestos

Mesmo sendo admirador confesso da presidente Dilma, Jeferson, que tem 23 anos, se diz a favor das manifestações por melhorias em nosso País e afirma que também chegou a ir às ruas. "Até fui em uma (marcha), mas achei tudo muito confuso". Mesmo assim, faz uma avaliação positiva do governo da presidente, pois acredita que ela não tem culpa de todos os problemas que o País enfrenta. "No dia do pronunciamento em cadeia nacional eu li uma frase que dizia. 'Quem achava que a Dilma Rousseff ia vir à TV e resolver tudo de uma vez só deve ser o mesmo que acredita que a Dilma Bolada é o perfil oficial da presidenta'. As pessoas tinham vontade de ver ela encarnar a Bolada ali, uma postura de socar a mesa e colocar ordem."

Apesar da admiração, Jeferson vê falhas na forma como a presidente Dilma Rousseff lidou com a crise, principalmente na comunicação. As pessoas, segundo ele, estão cansadas da linguagem técnica. "Na história dos médicos, por exemplo, faltou uma explicação mais simples, como a que foi dada pela Bolada", comenta o estudante, numa referência ao post que mostra que o Brasil criou mais vagas para médicos do que as universidades foram capazes de formar nos últimos anos. Jeferson conta que pensou muito antes de entrar na polêmica, mas ficou satisfeito ao ler comentários como "está melhor que (a Dilma) original" e "muito explicativo".  AE

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