A Polícia Federal vai investigar a ocorrência de locaute -
paralisação de serviços coordenada pelo setor patronal - nos protestos
de caminhoneiros que provocam, desde segunda-feira (1º), bloqueios em
várias estradas do país. Eles reivindicam principalmente redução nos
preços do óleo diesel e dos pedágios. A prática, conforme ressaltou o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, é considerada crime pela
legislação brasileira.
De acordo com Cardozo, as suspeitas foram apresentadas pelo ministro
dos Transportes, César Borges, que lhe enviou um ofício solicitando "a
adoção das providências cabíveis para apuração de eventual ilícito penal
praticado". Ele garantiu que o governo vai agir com "o máximo rigor" e
que os indícios dessa prática são "fortes".
"Não vamos transigir com quem pratica crimes, com quem transgride a
lei. O locaute é proibido no Brasil, portanto se alguém espera algum
tipo de negociação, se equivoca. Prática de crime não se tolera,
ilícitos não se se toleram e vamos ser muito rigorosos nisso", disse,
durante entrevista coletiva hoje (3), no Ministério da Justiça.
"As narrativas feitas pelo ministro César Borges e pelo
advogado-geral da União, ministro Luís Inácio Adams, trazem indícios
fortes de que interesses de grupos econômicos ou empresas podem estar
por trás disso [dos atos] e há suspeitas de que crimes decorram dessa
prática de locaute. Todos eles serão apurados", acrescentou.
O ministro dos Transportes destacou que apenas o representante do
Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), apontada como responsável
pela convocação da paralisação geral da categoria, Nélio Botelho, tem
insistido na mobilização com o objetivo de provocar desabastecimento no
país. De acordo com o ministro Adams, Botelho é dirigente de uma
cooperativa de autônomos e mantém contratos com entidades estatais,
particularmente com a Petrobras. Ressaltou que já foi orientado a
iniciar um procedimento de averiguação desses contratos e de possível
rescisão contratual.
O ministro César Borges enfatizou que se reuniu, ontem (2), em
Brasília, com representantes de vários setores do ramo dos transportes,
entre eles os ligados aos transportadores autônomos e aos motoristas:
verificou que nenhum deles tinha intenção de levar adiante o movimento,
até se posicionando contrários ao enfrentamento.
"Apenas o Movimento União Brasil Caminhoneiro insistiu nessa posição.
Vimos, sem sombra de dúvidas, a procura de benefícios próprios às suas
organizações. Por isso, solicitamos que o Ministério da Justiça levasse
avante investigações para verificar o que está por trás dessa
movimentação, que é de um setor minoritário na representação e, também,
entre todos que fazem o transporte de cargas no Brasil", disse. ABr
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