WASHINGTON - O presidente Barack Obama disse neste sábado, 31, que os
Estados Unidos estão prontos para atacar a Síria. Em pronunciamento na
Casa Branca, Obama afirmou que pedirá autorização do Congresso para
lançar o ataque, apesar de acreditar que tem o poder de dar o sinal
verde para a operação militar sem o aval dos parlamentares. Em tese, a
decisão afasta uma ação iminente contra o regime de Bashar al-Assad, já
que o Congresso está em recesso e só volta ao trabalho na segunda semana
de setembro. Mesmo que os parlamentares sejam convocados para os
próximos dias, qualquer decisão será precedida de um debate, o que
retarda a eventual ação militar. Os EUA acusam o regime de Bashar Assad
de usar armas químicas em ataque que deixou 1.429 pessoas.
"Pode ser amanhã, na semana que vem ou daqui a um mês", afirmou Obama
sobre a ação militar "limitada". O presidente americano desafiou os
parlamentares a considerar "qual a mensagem será enviada a um ditador"
se ele está autorizado a matar centenas de crianças com armas químicas
sem sofrer qualquer tipo de retaliação.
A equipe de 20 inspetores de armas químicas da ONU partiu neste
sábado da Síria para o Líbano, de onde parte deles embarcou para Nova
York, levando amostras de sangue e tecido humano, depoimentos de vítimas
e outras evidências do uso de armas químicas na periferia da capital
Damasco. Os inspetores visitaram durante três dias as áreas onde
ocorreram esses ataques. Eles devem se reunir imediatamente com o
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para lhe informar o que
encontraram. Em um comunicado, a ONU indicou que a apresentação formal
ao Conselho de Segurança e a outros países-membros da organização deve
ocorrer somente na próxima semana. Ainda nesse sábado, o presidente
russo, Vladimir Putin, pediu a seu colega americano, Barack Obama que,
como Nobel da Paz, pense nas vítimas que um ataque causará na Síria e
exigiu que os EUA apresentem provas do uso de armas químicas pelo
governo Bashar Assad.
O primeiro-ministro da Síria, Wael al-Halqi, disse neste sábado que o
Exército sírio “está mobilizado” e “tem o dedo no gatilho” para reagir a
um ataque dos EUA e aliados. Em um comunicado enviado à TV estatal, o
premiê acrescentou que “o Exército está pronto para enfrentar a todos os
desafios e ações”.
A oposição síria acusou o regime de Bashar Assad de ordenar os
ataques que causaram a morte de 1.429 pessoas. A ONU informou que
aguardará os resultados científicos para apresentar a avaliação feita
pelos inspetores, mas espera concluir o processo o "mais breve
possível", segundo disse o porta-voz da organização, Martin Nesirky.
Nessa sexta, relatório divulgado pelo serviço de inteligência dos
Estados Unidos concluiu que o ataque com armas químicas foi ordenado
pelo regime de Bashar Assad. O documento abriu caminho para o presidente
Barack Obama autorizar um ataque ao país a qualquer momento. Cinco
navios de guerra americanos estão ancorados no leste do Mar
Mediterrâneo, prontos para disparar mísseis contra o território sírio.
À agência de notícias AFP, um integrante do serviço de segurança da
Síria afirmou esperar um ataque "a qualquer momento". "Esperamos um
ataque a qualquer momento e nós também estamos preparados para responder
a qualquer hora ", disse o oficial, poucas horas depois de os
inspetores da ONU deixarem a Síria. "Vamos defender nosso povo e nosso
país com toda a capacidade que temos", disse. Para o oficial, a opinião
pública é contra a ação dos Estados Unidos.
O regime de Bashar Assad nega ter usado armas químicas contra a
população civil e qualificou de “mentiras e fabricações” o relatório dos
EUA sobre seu envolvimento no ataque que deixou 1.429 mortos em
Damasco. Com agências internacionais. AE
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