A ministra da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da
República, Maria do Rosário, disse nesta sexta-feira que o governo está
preocupado com o caso do ajudante pedreiro Amarildo Dias de Souza, que
desapareceu depois de ser detido por policiais da Unidade de Polícia
Pacificadora (UPP) da Rocinha, na zona sul do Rio. De acordo com Maria
do Rosário, deve ser considerada a "hipótese concreta" de que agentes
públicos foram responsáveis pelo sumiço de Amarildo.
"A SDH acompanha e tem procurado junto ao governo do Estado que todo
empenho seja feito para localização do pedreiro Amarildo. Preocupa-nos a
abordagem policial e o posterior desaparecimento. Toda investigação
deve ser feita com a hipótese clara, concreta, de que seja uma
responsabilidade dos agentes públicos", disse, após participar de
cerimônia com atletas paraolímpicos no Palácio do Planalto.
Segundo ela, o abuso de autoridade e a violência policial é algo com o
qual "não podemos mais conviver". "A situação do Amarildo não pode cair
numa amplitude tal que tenhamos como resposta dizer que muitas pessoas
estão desaparecidas após abordagem policial. A primeira suspeição que
todos devemos ter é de responsabilidade pública nesse desaparecimento",
afirmou.
Cerca de 300 manifestantes participaram nesta quinta-feira, 1, à
noite de um protesto que começou na Favela da Rocinha e seguiu até a
casa do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Perguntada sobre se o
episódio do ajudante de pedreiro não revelaria a falência do modelo de
pacificação das favelas cariocas, Maria do Rosário respondeu: "Não,
demonstra que sempre temos o que melhorar.
Demonstra que, mesmo em comunidades pacificadas, nós
devemos procurar construir uma cultura de polícia que esteja próxima da
comunidade. A polícia tem de ser o mocinho, estar junto das pessoas da
comunidade". "Não podemos jogar fora as experiências que temos tido de
pacificação", afirmou. "Devemos ler essa situação como aquela condição
em que as comunidades devem estar livres da ação do tráfico e dos grupos
organizados do crime e poderem confiar plenamente em sua polícia",
afirmou. AE
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