A rede municipal de saúde paga pelo menos 1.286 médicos que não existem.
Os profissionais deveriam atuar nas unidades de atendimento
administradas por Organizações Sociais (OSs), instituições que recebem
repasses da Prefeitura para manter os postos em funcionamento. Por mês,
são pagos R$ 116 milhões à rede terceirizada que, assim como ocorre no
serviço público, alega dificuldades na contratação, especialmente quando
a vaga está na periferia.
A zona leste da capital é a mais prejudicada. Na região há 571
plantões médicos abertos para as mais diversas especialidades, como
pediatria, ginecologia e dermatologista. A demanda por clínicos gerais
também é enorme nos bairros mais afastados, como Cidade Tiradentes,
Guaianases e São Mateus. A zona norte é a segunda na lista de espera por
profissionais, seguida pelas zonas sul, sudeste e centro-oeste.
Somente a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina
(SPDM) precisa contratar quase 700 médicos - 41 deles para compor o
número de funcionários da Assistência Médica Ambulatorial (AMA) Tito
Lopes. Da lista de nove entidades que prestam serviço para a Prefeitura,
a OS é a que registra o maior déficit. E também é a que recebe o maior
repasse mensal: R$ 26 milhões.
Mas, apesar de o quadro de funcionários estar incompleto na maioria
das unidades, os depósitos feitos mensalmente pela Secretaria Municipal
da Saúde continuam cheios. Isso quer dizer que a ausência dos médicos
não leva a descontos automáticos às organizações contratadas, apenas
prejuízo aos cofres públicos.
De acordo com cálculos da pasta, cerca de metade das vagas para
médicos abertas pelas OSs não está preenchida - índice semelhante ao
registrado pelo conjunto de postos administrado pela própria secretaria.
Salário
Os números contrariam o principal argumento da Prefeitura ao manter
parceiros na área da saúde - a agilidade na contratação de profissionais
pelas instituições, que estão livres da obrigação de promover concursos
públicos.
As dificuldades enfrentadas pelo setor ainda vão contra a tese de que
salários altos seguram os médicos. Pagar até R$ 1,1 mil por um plantão
de 12 horas - o dobro do pago pela Prefeitura - não tem surtido efeito
em São Paulo.
O resultado está nas salas de espera das unidades comandadas pelas
OSs. Há filas para atendimento de emergência, de especialidade ou mesmo
hospitalar. O mesmo quadro encontrado por pacientes que buscam postos de
saúde administrados de forma direta. “É tudo igual. Se não fosse pela
placa na porta, a gente nem iria notar essa diferença aí (de gestão).
Falta médico de todo jeito”, diz a dona de casa Daniele de Souza, de 28
anos, usuária da AMA Perus, na zona norte da capital. AE
- Blogger Comment
- Facebook Comment
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
0 comentários:
Postar um comentário