A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa o Projeto de
Lei Complementar nº 237/2012, que atualizará o Estatuto Nacional da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, pretende levar o texto ao
plenário da Casa no mês de outubro, disse hoje (16) o presidente do
colegiado, deputado federal Armando Vergílio (PSD-GO). A comissão fez
uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Rio, nesta
segunda-feira, como já tinha feito em Brasília, Belém e no Recife, com o
objetivo de debater propostas para aprimorar o texto em tramitação.
A ideia dos deputados da comissão é promover audiências públicas em
Porto Alegre, São Paulo e encerrar com uma nova audiência na capital
federal no dia 11 de outubro, permitindo que o relator do projeto,
deputado Claudio Puty (PT-PA), prepare o texto para votação em plenário
no mesmo mês. "Como as leis tributárias têm o princípio da anualidade,
só valendo para o ano seguinte ao da aprovação, temos que votá-la em
outubro para que o Senado tenha tempo de votá-la, e a presidenta possa
apreciá-la ainda neste ano", disse Vergílio, que pedirá ao presidente da
Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para que o projeto de
lei complementar seja votado em regime de urgência.
O Estatuto da Microempresa é a lei que instituiu o Simples Nacional
ou Super Simples, que unificou e reduziu a carga tributária para
pequenos e microempresários. Uma das principais propostas do projeto é
deixar de excluir determinados setores do benefício, utilizando apenas o
critério de conceder o sistema especial de tributação a empresas com
faturamento anual menor que R$ 3,6 milhões. Dentistas, médicos,
advogados, jornalistas, corretores e outros profissionais liberais
passariam a ser incluídos.
"É preciso inserir no sistema todas as atividades econômicas. Essa é
a bandeira. Se eu tenho uma empresa com faturamento de até $ 3,6
milhões, por que não ser incluído no Super Simples? Isso vai facilitar a
tributação e desburocratizar, o que é muito melhor para o país",
defendeu o deputado federal Otávio Leite (PSDB-RJ), que também é membro
da comissão.
Outra proposta é restringir o uso da substituição tributária por
parte dos estados para impedir que ela incida sobre os beneficiários do
Super Simples. A substituição tributária é a transferência de pagamento
do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do cliente
para o fornecedor, concentrando a cobrança principalmente em grandes
cadeias produtivas, como as de bebidas, munição e combustível.
Para o presidente nacional do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae), Luiz Barreto, essa questão é prioritária
para defender as microempresas: "A substituição tributária tem matado e
diminuído as conquistas de seis anos atrás [quando foi aprovado o
estatuto], tirando capital de giro das pequenas empresas. Isso começou
com algumas grandes cadeias, mas, em alguns estados, chegou a todos os
produtos".
A lei propõe ainda que o Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU),
no caso dos microempreendedores individuais continue a ser cobrado como
de pessoa física. Algumas prefeituras, segundo os deputados,
aproveitaram o novo status dos microempreendedores individuais para
tributá-los como pessoas jurídicas em suas residências.
Outras propostas defendidas pelos deputados, pelo Sebrae e pela
Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República são o
aumento do teto de faturamento do Simples Nacional para R$ 4 milhões e a
criação de um regime de transição tributária para as empresas que
ultrapassam esse patamar, evitando a cobrança imediata dos valores
aplicados às grandes empresas. Essas propostas, no entanto, ainda não
estão no projeto de lei complementar. "As pequenas empresas não
sobrevivem quando passam do teto. Em alguns casos, a diferença da carga
tributária chega a 50%. Isso é algo que impede que as pequenas empresas
se tornem grandes. É preciso convencer a Receita Federal de que ela vai
ganhar mais se adotar essa medida, porque vai aumentar a base
tributada", argumentou o presidente do Sebrae.
Entre as pessoas que acompanharam a audiência pública, a maioria era
formada por corretores de seguros, que lotaram o auditório da Alerj,
pedindo para serem incluídos na tributação especial, o que evitaria
serem tributados como as seguradoras. Entidades de classe pediram para
que fosse discriminada nominalmente a corretagem de seguros, para que a
atividade não corra o risco de ser rejeitada por estar agrupada com
corretores de valores ou de imóveis. ABr
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