A criação de dois novos partidos, Solidariedade e PROS, promete
desencadear migrações envolvendo até 50 deputados - cerca de 10% da
composição da Câmara - e afetar sobretudo partidos da base governista.
Diante da agitação no mercado eleitoral, PT e PMDB já trabalham para
tirar da gaveta o projeto que inibe a criação de novas agremiações. O
objetivo dos dois maiores partidos governistas é fechar a brecha na
regra da fidelidade partidária criada pelo Judiciário.
Ontem, 25, no primeiro dia após o surgimento, as duas novas siglas já
divulgavam 33 adesões. Pela regra atual, o parlamentar que ingressar
num partido recentemente criado não poderá ter o cargo questionado pela
legenda que o abrigava anteriormente. As negociações políticas dos novos
partidos envolvem divisão de tempo de TV em campanhas eleitorais e
recursos do fundo partidário.
Criado pelo deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, de
saída do PDT, o Solidariedade tem viés oposicionista no plano federal,
devendo se alinhar a Aécio Neves (PSDB-MG) em 2014. O PROS, por sua vez,
tem como presidente Eurípedes Júnior, um ex-vereador com passagem por
cinco pequenos partidos, e deve integrar a base aliada a Dilma no
Congresso. Nos Estados, porém, ambos fazem composições com governadores e
lideranças da base e da oposição.
A legenda comandada por Paulinho divulgou ontem a adesão de 23
deputados - sendo um deles suplente -, e um senador, Vicentinho Alves
(TO), que vai deixar o PR. Em reunião realizada em um hotel na tarde de
ontem 18 deles já discutiam a forma de ampliar a bancada e fazer um
arrastão de filiações também nos Estados. Estiveram na local nomes como
Manato (PDT-ES), Wladimir Costa (PMDB-PA), Armando Vergílio (PSD-GO) e
Fernando Francischini (PEN-PR). O prazo para troca de legenda para quem
quer se candidatar em 2014 termina em 5 de outubro.
O PROS informou ontem a adesão de 10 deputados federais, entre eles
Vicente Arruda (PR-CE), Givaldo Carimbão (PSB-AL) e Ademir Camilo
(PDT-MG). O partido vive a expectativa de filiar o governador do Ceará,
Cid Gomes, de saída do PSB. Com isso, pode receber a filiação do atual
ministro Leônidas Cristino (Portos).
De acordo com as listas divulgadas pelas legendas, o PDT é quem mais
sofre com a migração na Câmara. Dos 26 deputados, 6 iriam para
Solidariedade e 2 para o PROS. O PR é outro que deve ter baixas
significativas, perdendo 6 de seus 38 deputados. O PMDB aparece na
sequência, com cinco perdas. Na oposição, PSDB, DEM e PPS devem ter a
saída de dois deputados cada. O PSB, que anunciou a saída do governo
Dilma pela candidatura de Eduardo Campos, também tem 2 baixas. AE
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