Os ex-presidentes da República Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando
Henrique Cardoso assumiram pessoalmente a busca por nomes de candidatos a
vice-governador de seus partidários, respectivamente Alexandre Padilha e
o governador Geraldo Alckmin, na eleição paulista de 2014. E,
coincidentemente, os primeiros sondados foram duas das principais
lideranças do agronegócio brasileiro - o ex-ministro da Agricultura
Roberto Rodrigues e o ex-secretário da Agricultura de São Paulo João
Sampaio - que dificilmente cederão às investidas.
A investida sobre Rodrigues e Sampaio começou há duas semanas, em uma
reunião do ex-presidente petista com seu ex-ministro da Agricultura, no
Instituto Lula, em São Paulo. Participaram do encontro, além Lula e
Rodrigues, o próprio Padilha, nome mais cotado para ser o candidato à
sucessão de Alckmin, o também ex-ministro da Secretaria de Comunicação
Franklin Martins e o presidente nacional do PT, Rui Falcão.
O argumento do ex-presidente Lula não convenceu o ex-ministro da
Agricultura a disputar uma eleição e tentar ocupar o cargo que já foi de
seu pai, Antonio José Rodrigues Filho, vice-governador de Laudo Natel,
entre 1971 e 1975. "Não quis porque nunca fui filiado e não seria agora
que eu iria me filiar. Mas é fundamental que o setor tenha um
relacionamento com a política para que o agronegócio ganhe a relevância
que merece", justificou.
Rodrigues, então, indicou justamente Sampaio para a disputa, mesmo
com o agora executivo e consultor de empresas do setor tendo ocupado a
Secretaria de Agricultura de José Serra por quatro anos, permanecido no
cargo nos primeiros meses do atual governo do tucano Alckmin e também
coordenado a campanha do ex-governador na disputa com a atual presidente
Dilma Rousseff à sucessão de Lula, em 2010.
Em conversa entre ambos, Sampaio ouviu de Rodrigues que a indicação
ocorreu porque o ex-secretário alia o perfil político ao de líder do
agronegócio. "Sou ligado ao PSDB, ao Serra e não há condições para
aceitar esse convite", disse Sampaio a Rodrigues, segundo relato de
interlocutores. Em um seminário do setor no último sábado, em Campinas,
Sampaio foi apresentado por Rodrigues como "futuro governador de São
Paulo".
A indicação dele para vice de Padilha, mesmo que inimaginável, animou
petistas. Alguns cogitaram uma filiação de Sampaio ao PSD, na aposta
que o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab possa desistir de uma
candidatura à sucessão de Alckmin. Assim, o nome do ex-secretário seria
viabilizado em uma coligação sem precisar se filiar ao PT.
Ânimo de alguns, piada de outros. Em um encontro casual com Sampaio,
na residência de um banqueiro na capital paulista, o ex-ministro da
Fazenda e da Casa Civil, atual consultor, Antonio Palocci brincou com o
ex-secretário: "João, você vai se aliar a nós? Vou pagar para ver você
defendendo a política do PT", disse, segundo relato de presentes.
FHC
Paralelamente, o ex-presidente FHC retomou a mesma ideia de 2009 de
emplacar Sampaio como vice de Alckmin. À época, o nome de Guilherme Afif
Domingos, hoje no PSD, foi o escolhido. Mas, como Alckmin não terá mais
Afif como vice em 2014 - já que ele acumula agora o cargo com o a
Secretaria da Micro e Pequena Empresa do governo federal -, Sampaio
seria a opção.
"Ele é um nome do setor empresarial e, principalmente, seria um
consenso no PSDB e traria a união do partido em São Paulo. Além disso,
não causaria problemas para Alckmin em 2018, quando o governador (caso
seja reeleito) se licenciaria para disputar outro cargo", afirmou uma
fonte.
Sampaio admitiu as sondagens, não comentou os bastidores das
negociações, mas confirmou que terá uma reunião, entre amanhã e
quarta-feira, com Alckmin. O ex-secretário, entretanto, foi enfático e
reafirmou sua posição de sempre. "Não irei me filiar e não serei
candidato", resumiu. Resta saber se FHC e Alckmin terão bons argumentos
para convencê-lo a aceitar a disputa em 2014.
A assessoria do ex-presidente Lula informou apenas que ele não
comenta possíveis articulações para 2014. Já a assessoria de FHC
informou que o ex-presidente não irá se pronunciar e o assunto, até
aquele momento, era desconhecido para ele. AE
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