Teoricamente, Bo Xilai ainda pode recorrer
ao Supremo Tribunal Popular da China, a última instância da Justiça do
país. Esse tribunal, no entanto, apenas reexamina processos que
culminaram em condenações à morte - o que não é o caso do ex-líder. Bo
Xilai foi considerado culpado por ter aceitado subornos de 20,4 milhões
de yuans (cerca de R$ 7,3 milhões) e de ter se apropriado de 5 milhões
de yuans (aproximadamente R$ 1,8 milhão) de fundos públicos.
O abuso de poder pelo qual foi condenado
está relacionado à investigação do homicídio de um empresário britânico
em Chongqing, no interior do país, em novembro de 2011, quando Bo Xilai
era o líder do partido na cidade. No ano passado, a mulher de Bo Xilai,
Gu Kailai, foi condenada à morte, com pena suspensa por dois anos, pela
morte do empresário. O então chefe da polícia de Chongqing e
vice-presidente da Câmara local, Wang Lijun, que inicialmente encobriu o
crime, foi condenado a 15 anos de prisão.
Há um ano, ao anunciar a expulsão de Bo
Xilai, a Comissão Central de Disciplina do PCC disse que o antigo líder
"prejudicou significativamente a reputação da China". Durante o
julgamento, que ocorreu no tribunal de primeira instância de Jinan,
capital de Shantung, no Nordeste do país, Bo Xilai admitiu ter cometido
"alguns erros", mas negou todas as acusações.
Até há menos de dois anos, Bo Xilai era um
dos políticos mais populares da China e um forte candidato ao Comitê
Permanente do Politburo do PCC, a cúpula do poder, composta por apenas
sete pessoas. Ex-ministro do Comércio e filho de um antigo
vice-primeiro-ministro, Bo Xilai era uma espécie de líder da chamada
nova esquerda, que defendia a retomada da Revolução Cultural (1966-76) e
criticava as crescentes desigualdades sociais.
A condenação de Bo Xilai à prisão perpétua
é a sentença mais pesada imposta a um ex-membro do Politburo do PCC em
cerca de três décadas. A decisão foi considerado uma prova do prometido
empenho da nova liderança chinesa em combater a corrupção.
O julgamento de Bo Xilai foi também
considerado o mais transparente realizado no país, sendo saudado na
imprensa oficial como "um grande passo rumo à institucionalização do
primado da lei" e uma demonstração de que "ninguém está acima da lei".
Em um gesto sem precedentes, o Tribunal de Jinan usou o Sina Weibo, o
Twitter chinês, para relatar o que se passava na sala de audiências,
incluindo algumas declarações do acusado. Lusa/Xinhua
0 comentários:
Postar um comentário