O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, evitou comentar detalhes nesta
sexta-feira, 5, sobre a troca de informações de inteligência entre a Polícia
Federal (PF) e as polícias estaduais sobre atos de vandalismo nas manifestações
populares. "Confirmei que existe um trabalho. Não vou confirmar documento, nem
dados de documento", afirmou.
Segundo o jornal O Globo, um relatório da PF revela que pelo menos
130 pessoas suspeitas de ligação com as atividades dos chamados black blocs
foram identificadas atuando no Rio de Janeiro e São Paulo. O documento foi
distribuído às áreas de inteligência das polícias estaduais dos dois Estados,
ainda segundo a publicação. Além disso, a reportagem informou que a PF também
investiga se existe fluxo de recursos internacionais nas operações dos black
blocs no País.
"O que está divulgado hoje seguramente faz parte desse esforço que fazemos
para buscarmos interação e informações de inteligência na questão de avaliação
de informações sobre atos de vandalismo", disse o ministro. Ele lembrou que,
após reunião do governo federal com as Secretarias de Segurança Pública dos
Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, uma das medidas tomadas foi a troca de
informações entre as áreas de inteligência. "Uma coisa que aprendi é que
informação da área de inteligência não se comenta."
Cardozo afirmou que o Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional do
Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil concordaram em fazer
reunião conjunta do governo federal com as Secretarias de Segurança Pública do
Rio e de São Paulo. "É para discutirmos a questão de eventuais mudanças na
legislação, se serão necessárias ou não, além das interpretações que podem ser
colocadas em relação a esses atos, bem como outras sugestões que por ventura a
Justiça queira fazer", explicou. O ministro disse que a intenção é que a reunião
ocorra até o início da semana que vem.
"Se eu tivesse informações sobre participação de grupos criminosos nessas
manifestações, eu não poderia nesse momento falar sobre elas, porque são
informações de inteligência. Há investigações em curso", afirmou o ministro. Ele
acrescentou que se houver participação de grupos criminosos nos protestos serão
tomadas medidas para coibir essas ações.
"Não se trata aqui de policiar ou investigar movimentos sociais. A liberdade
de manifestação é legitima. Queremos proteger a liberdade de manifestação e a
população brasileira de pessoas que de forma ilícita se aproveitam da liberdade
de manifestação de outros", disse. "À medida que detectamos que pessoas vêm se
organizando, trazendo de casa bombas, instrumentos que podem gerar ferimentos,
obviamente, o Estado brasileiro tem que buscar enfrentar essa questão",
argumentou.
Questionado pela imprensa estrangeira sobre a Copa do Mundo do ano que vem,
Cardozo disse que o Brasil tem plano de segurança pública e que vai atuar
garantindo a tranquilidade. "Estamos tratando neste momento de situações do
cotidiano do País, não da Copa do Mundo", disse.
O ministro voltou a falar também sobre a elaboração de um protocolo que
defina regra de atuação dos policiais como um importante passo para coibir o
abuso policial. "Quando as regras ficam definidas, fica claro o que pode fazer,
até onde pode ir, quais instrumentos podem ser usados", disse. Ele afirmou que o
governo federal investiga a elaboração desses documentos pelas polícias
estaduais, mas que não pode obrigá-las. Sobre a pesquisa do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública que aponta que cerca de 70% da população brasileira não confia
na polícia, Cardozo comentou que o dado mostra a necessidade de se construir
ações policiais que voltem a inspirar confiança na população.
Espionagem
O ministro classificou de contraespionagem a informação de que o governo
brasileiro monitorou diplomatas de três países estrangeiros em embaixadas e nas
suas residências, divulgada na segunda-feira, 4, pela imprensa. "Quando você
acha que existem espiões de potências estrangeiras atuando no Brasil, você deixa
de espionar? Não, você faz a contraespionagem", afirmou, acrescentando que não
se trata da área de atuação do Ministério da Justiça. "O que foi feito não
acarretou na violação à intimidade e foi feito em território nacional. Não vejo
nenhum abalo à imagem do País", disse.
Consumidor
O ministro lançou nesta terça-feira, 5, a campanha publicitária sobre
direitos do consumidor, acompanhado pela secretária nacional do Consumidor,
Juliana Pereira da Silva. A intenção da campanha é alertar e mobilizar os
consumidores brasileiros, principalmente aqueles da chamada nova classe média. O
valor total da campanha, segundo o Ministério da Justiça, é de cerca de R$ 9
milhões. O mote é: "Você sabe o valor do seu dinheiro. Quem vende para você
também tem que saber. Exija sempre os seus direitos". AE
- Blogger Comment
- Facebook Comment
Assinar:
Postar comentários
(
Atom
)
0 comentários:
Postar um comentário