O governador Eduardo Campos e a ex-ministra Marina Silva divergiram
nesta quinta-feira, 28, publicamente sobre a formação de palanques nos
Estados para as eleições de 2014. Enquanto Marina defendeu a tese de
lançar candidatura própria, Campos desconversou e disse que as decisões
estaduais deverão beneficiar o projeto nacional. Atualmente, PSB e Rede
enfrentam dificuldades em chegar a um consenso em importantes colégios
eleitorais, como São Paulo e Minas.
As
opiniões contraditórias foram manifestadas durante o lançamento do site
Mudando o Brasil, em São Paulo. Até fevereiro, o documento que vai
pautar a discussão do programa de governo PSB-Rede estará disponível na
internet, para que as pessoas possam colaborar com o processo, dando
sugestões sobre temas como “reforma do Estado”, “valorização da
biodiversidade e dos recursos naturais” e “segurança pública”.
Nesta
quinta-feira, ao ser questionada sobre a situação paulista, a
ex-ministra do Meio Ambiente defendeu o lançamento de um nome próprio no
Estado. “Nós, da Rede, estamos trabalhando para ter candidatura
própria”, afirmou Marina. Ela disse, no entanto, que não há nada
acertado, e que a discussão está no início. “Nós estamos apenas no
começo, ainda haverá muitas surpresas pela frente.”
Campos,
por sua vez, defendeu que é hora de pensar na candidatura nacional, mas
deixou claro que não fará interferências nas discussões que já tinham
sido iniciadas nos diretórios estaduais. “O debate regional vai vir
depois do nacional. Isso está muito claro para nós. Agora, nós não vamos
atropelar direção regional nenhuma. Vamos respeitar o diálogo e o
debate dentro do partido em cada Estado”, afirmou.
Apesar
da resistência de Marina, a articulação entre PSDB e PSB é considerada
pelos tucanos como “irrevogável”. O governador Geraldo Alckmin tem
pressionado para que o partido antecipe o anúncio do apoio à sua
reeleição. Campos teria dado sinal verde para a aliança, que inclui a
indicação do deputado Márcio França (PSB-SP) como vice da chapa.
A
expectativa no Palácio dos Bandeirantes é de que o governador de
Pernambuco aproveite uma visita ao Estado na próxima segunda-feira para
deixar claro que apoia a dobradinha. A pressão da Rede, contudo, pode
adiar esse movimento. “A análise dos Estados será feita sem pressa.
Essas definições serão submetidas ao diretório nacional e só devem sair
depois do carnaval”, pondera Carlos Siqueira, secretário-geral do PSB.
Mudança
Durante
a apresentação do primeiro documento fruto da aliança entre o PSB e a
Rede, Marina voltou a afirmar que quando decidiu entrar para a legenda,
em outubro, sabia que Campos preparava a sua candidatura à Presidência e
que a parceria tinha como objetivo ajudá-lo nesse projeto.
Os
dois aliados repetiram ainda o mantra de que irão manter as conquistas
econômicas e sociais alcançadas no governo Fernando Henrique Cardoso
(1995-2002) e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).
Campos, no entanto, apostou no discurso de “mudança” e, ao criticar a
polarização entre PT e PSDB, colocou o seu nome como uma opção de
terceira via.
“Esses dois pilares foram importantes, mas
eles hoje são insuficientes para melhorar a qualidade de vida do povo
brasileiro. É preciso ir adiante. E é exatamente para saber como ir
adiante que nós estamos aqui lançando este documento.”
O
tom adotado pelo pernambucano é muito parecido com o de Lula, em 2002.
Na época, o petista também se colocava como uma opção de “mudança
segura”, ao garantir que os avanços na economia não seriam perdidos.
Campos, que fez parte dos governos petistas até setembro, pretende ainda
lançar um documento no qual irá deixar claras suas intenções na
condução do País caso venha a ser eleito, algo bastante parecido com a
“Carta ao Povo Brasileiro” apresentada por Lula em 2002. AE
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