Normalizada circulação de ônibus da Carris em Porto Alegre

Paralisação de funcionários afetou transporte público

Normalizada circulação de ônibus da Carris em Porto Alegre. Foto: André ÁvilaFoto:
Normalizada circulação de ônibus da Carris em Porto Alegre. Foto: André Ávila
Pouco depois das 10h desta terça-feira foi normalizada a circulação de ônibus da Companhia Carris Porto-alegrense (Carris) na Capital, conforme informação da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). No início da manhã, funcionários paralisaram as atividades em protesto contra demissões por justa causa ocorridas nessa segunda. Os primeiros coletivos só saíram da garagem após as 7h e apenas 50% da frota circulava pelas vias de Porto Alegre. Depois das 9h a porcentagem subiu para 80%.

Em razão da paralisação, as paradas de ônibus ficaram lotadas nas primeiras horas da manhã e os lotações foram autorizados pela EPTC a circularem com passageiros em pé. O itinerário de ao menos sete linhas – T1, T2, T3, T4, T6, T8 e T11 – foi realizado por outras empresas.

Sindicato aponta problemas no sistema de bilhetagem

Um dos líderes do Sindicato dos Rodoviários, Alceu Weber, afirmou nesta manhã que o sistema de bilhetagem de Porto Alegre tem falhas que abrem espaço para fraudes. Segundo ele, existe um comércio de empréstimo de cartões do TRI. “O exemplo é uma situação que acontece no Mercado Público, onde uma pessoa vende na fila, o passageiro entra e passa o cartão para o próximo. Passam 20 pessoas com o mesmo cartão. A gente denuncia e dizem que não podem fazer nada. O cartão tem que ser da pessoa e não da família. A alternativa é o TRI dar direito a apenas uma tarifa. Passou uma vez, não passa mais naquele ônibus, assim como é o isento hoje”, declarou à Rádio Guaíba.

Fraude em bilhetagem eletrônica

Em nota divulgada nessa segunda-feira, a Carris confirmou ter dispensado cobradores que, segundo a companhia, fraudaram o sistema de bilhetagem eletrônica do transporte público. A ação ilegal é enquadrada como improbidade administrativa. A Carris vai encaminhar o caso ao conhecimento do Ministério Público Estadual, do Tribunal de Contas do Estado, da autoridade policial e promover, por meio da Procuradoria, uma ação de ressarcimento dos valores desviados. Alguns cobradores, segundo a empresa, desviavam até R$ 2 mil por mês.

De acordo com Zimmermann, a fraude funcionava de diversas formas, mas existiam duas práticas mais comuns. Uma delas consistia em obter o cartão TRI de um idoso. A partir daí, o cobrador recebia o dinheiro da passagem e ainda assim passava o cartão. Este tipo de fraude foi registrada 40 vezes em um dia em apenas um ônibus. Outra maneira de fraudar o sistema de bilhetagem era realizar a inversão da roleta na passagem gratuita.

Zimmermann afirmou que os processos são individuais e que não foram divulgados para o Sindicato dos Rodoviários. "Os documentos serão liberados apenas para os funcionários investigados e para seus advogados", avisou.

Investigação profunda

Sérgio Zimmerman afirmou que a investigação da Carris foi profunda e não soube informar se mais funcionários serão desligados. "Atualmente, o setor de operação conta com 1,5 mil servidores. Nós realizamos uma investigação mais detalhada sobre 90 pessoas e deste número chegamos aos 40 que foram afastados, por suspeita de fraude no sistema de bilhetagem, o cartão TRI", explicou.

Os funcionários afastados reclamaram que não tiveram chance de defesa. Segundo os trabalhadores, eles eram demitidos assim que chegavam à sede da Carris. Zimmerman minimizou a situação. "A comissão de sindicância foi formada por funcionários de carreira, que fizeram a investigação. Isso vem desde março. Eles terão toda chance de defesa agora. Nós vamos encaminhar os documentos ao Ministério Público do Trabalho e ao Tribunal de Contas para que eles busquem esta defesa. A legislação brasileira é bem clara", resumiu. (Correio do Povo)
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