A taxa de câmbio deve oscilar menos em 2014 do que em 2013. Para o
professor de finanças do Ibemec, Gilberto Braga, o dólar deu sinais de
que se estabilizou entre R$ 2,35 a R$ 2,45.
“Deve flutuar ao longo do ano nesse intervalo”, projeta. O professor
diz que o dólar nesse patamar contribui para manter a inflação alta no
país. “O dólar alto gera pressão de custos já que a economia é muito
indexada [aumento de preços atrelado ao dólar, por exemplo]”, disse. O
professor cita exemplos de produtos que são elevados com o aumento da
cotação do dólar: petróleo, outros insumos, e até serviços, como
pagamento de patentes no exterior.
Braga lembra que somente para os exportadores o dólar alto é bom.
“Favorece apenas o setor. O que poderia ajudar de verdade os
exportadores seria uma melhora definitiva nas condições de comércio
internacional”, acrescenta.
Também para a professora de economia da Fundação Getulio Vargas,
Virene Matesco, o dólar no atual patamar estimula muito a inflação e
beneficia somente as exportações. Segundo ela, o ideal para o setor
exportador seria que o país tivesse melhores condições de infraestrutura
e logística. “O Brasil não tem competitividade de logística, de
infraestrutura. Com isso, o custo de exportação é muito alto. Já que não
faz a lição de casa, melhorando a logística e a infraestrutura, tem que
ficar buscando do câmbio a competitividade das exportações”, enfatiza.
De acordo com a perspectiva de Virene, o BC não vai deixar o dólar
oscilar muito acima de R$ 2,35. Além disso, ela acredita que o mercado
financeiro há havia “precificado” o efeito do fim da política de
estímulos à economia dos Estados Unidos no Brasil.
No último dia 18, o Federal Reserve (Fed), o Banco Central norte-americano, anunciou que vai reduzir
de US$ 85 bilhões mensais para US$ 75 bilhões por mês as compras de
títulos públicos que injetam dinheiro na maior economia do planeta. A
diminuição dos estímulos deve começar em janeiro.
No ano passado, o Fed iniciou um programa de aquisição de títulos da
dívida pública norte-americana, num esforço destinado a manter os juros
baixos e apoiar a economia do país. Desde o fim de maio, a autoridade
monetária dos Estados Unidos tinha indicado que poderia reduzir as
ajudas monetárias por causa da recuperação da economia do país.
A possibilidade de redução dos estímulos vinha provocando
instabilidade nos mercados financeiros mundiais nos últimos meses. Com a
diminuição das injeções monetárias, o volume de dólares em circulação
cai, aumentando o preço da moeda em todo o mundo.
Depois desse anúncio do FED, também no dia 18, o Banco Central brasileiro anunciou a continuidade, por seis meses, o programa de leilões de
venda de dólares no mercado futuro, que ajuda a segurar o câmbio. As
operações, que acabariam no fim do ano, foram prorrogadas até 30 de
junho de 2014.
O programa, no entanto, passou por ajustes. De segunda-feira a sexta-feira, o BC leiloará US$ 200 milhões em operações de swap cambial tradicional, que funcionam como venda de dólares no mercado futuro. Atualmente, o BC faz leilões de swap
US$ 500 milhões de segunda-feira a quinta-feira. Os leilões de venda de
dólares com compromisso de recompra, que são feitos às sextas, passarão
a ser feitos em qualquer dia, dependendo das condições do mercado de
câmbio.
O presidente do BC, Alexandre Tombini, disse, no último dia 10, que o
programa diário de intervenções no mercado não agride o sistema de
câmbio flutuante.
“Temos um sistema [em] que a primeira linha de defesa é a flutuação cambial
[taxas de câmbio definidas no mercado]”, ressaltou. Para o BC, o
programa assegura proteção ao risco cambial, criando uma proteção às
empresas com dívidas em dólar e liquidez (dólares disponíveis) ao
mercado de câmbio. ABr
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