A fama de justiceiro que Joaquim Barbosa adquiriu com o
julgamento do mensalão empolga pouco os partidos políticos. Dezesseis
das 32 legendas do Brasil dizem que não filiariam o presidente do
Supremo Tribunal Federal para a disputa do Planalto em 2014.
Oito
siglas afirmam que precisariam discutir bastante o assunto antes da
decisão e apenas sete, todas elas nanicas, dizem que abririam as portas
para ele, segundo enquete feita pelo jornal o Estado de S.
Paulo.Fustigado pelo escândalo julgado por Barbosa e crítico feroz do
magistrado, o PT foi o único partido que não quis responder ao
levantamento.
Por ser magistrado, o prazo de Barbosa para entrar
em uma legenda não foi encerrado em 5 de outubro. Ele poderá se filiar a
um partido político até seis meses antes da eleição, no dia 5 de abril
do ano que vem.
Em outubro, durante um evento no Rio, Barbosa
afirmou que não pensa em se candidatar agora, mas deixou as portas
abertas: disse que não descarta antecipar sua aposentadoria - aos 59
anos, ele teria de deixar o tribunal compulsoriamente apenas aos 70 -
para uma eventual disputa “no futuro”. “Terei tempo para pensar nisso”,
disse na ocasião.
O nome de Barbosa havia deixado de figurar nos
cenários da disputa presidencial aferidos pela maior parte dos
institutos de pesquisa. Anteontem, o Datafolha divulgou levantamento que
testa de novo o desempenho do presidente do Supremo.
No cenário
proposto, Barbosa aparece numericamente em 2º lugar, com 15% das
intenções de voto. Fica atrás da presidente Dilma Rousseff, que tem 44%,
e tecnicamente empatado com o senador Aécio Neves (PSDB), que tem 14%.
Ainda nesse cenário, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB),
tem 9% da preferência dos entrevistados.
Segundo a assessoria de
imprensa do presidente do Supremo, ele não foi procurado oficialmente
por nenhum partido até agora. Em recorrentes declarações, Barbosa
costuma fazer duras críticas ao atual quadro político brasileiro e já
demonstrou ser um defensor de candidaturas avulsas, em que não é
necessária filiação, algo proibido no Brasil.
Integrantes da
cúpula do PMDB, principal aliado do PT, afirmam que o partido já tem
problemas demais para resolver e que a presença de Barbosa poderia
ampliá-los. O presidente interino do PMDB, senador Valdir Raupp (RO),
diz que no partido ele seria apenas mais um na sigla. “Primeiro, ele
precisa procurar o partido no Rio (seu domicílio eleitoral) e se filiar.
Só depois é que pode apresentar a postulação de uma eventual
candidatura na convenção. O PMDB tem 2,5 milhões de filiados. Se o
ministro se filiar, será mais um”, afirma.
O líder do PSD e
primeiro secretário do partido, deputado Eduardo Sciarra (PR), diz que
seria necessária uma longa discussão em caso de filiação. “Se o ministro
quiser entrar no partido, teremos de reunir a Executiva para tomar uma
decisão”.
No PDT, o presidente do partido, Carlos Lupi, diz que
ninguém nunca falou na possibilidade de filiação de Barbosa. “Esse é um
ato de vontade pessoal. Como o Joaquim Barbosa não se manifestou, não dá
para ficar falando sobre isso”, afirma.
Partidos diretamente
envolvidos no escândalo do mensalão são mais enfáticos em rejeitá-lo.
“No PR não. Deus me livre”, diz o presidente da sigla, senador Alfredo
Nascimento (AM).
“No PP, não”, diz o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI). A sigla também tem condenados no mensalão.
Para
Benito Gama (BA), presidente interino do PTB, partido também envolvido,
as siglas precisam fugir das filiações “oportunistas” que envolvem
gente famosa: “Não queremos isso”.
“O PT não faz comentários sobre
esse assunto”, diz o presidente da sigla, Rui Falcão. O partido é o
maior crítico de como Barbosa conduziu o julgamento e a prisão de sua
antiga cúpula.
“Não me parece que o Joaquim Barbosa tenha alguma
afinidade com os comunistas”, afirma a vice-presidente do governista PC
do B, deputada Luciana Santos (PE), futura presidente nacional da
legenda.
'Não'
Foi a única resposta de
Marcos Pereira, presidente do PRB, partido é ligado à Igreja Universal
do Reino de Deus. Mesmo a oposição ao governo avalia não haver espaços
para Barbosa. Presidente do PSDB, Aécio afirma que ele contribui mais
para o País no STF. “O ministro cumpre um papel como presidente do STF
que honra os brasileiros. Nosso respeito pelo ministro é tão grande que
nem sequer aventamos essa hipótese.”
O deputado Roberto Freire,
presidente do PPS, que já ofereceu legenda para o tucano José Serra e
para a ex-ministra Marina Silva disputarem a Presidência, diz que
negaria a filiação de Barbosa. “Essa filiação para uma candidatura não
nos interessa.” AE
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