Primeira-ministra da Tailândia diz que não renuncia

A primeira-ministra da Tailândia, Yingluck Shinawatra, disse hoje (2) que não pensa demitir-se do cargo, como exigem os manifestantes que organizam protestos no país ao longo da última semana. Shinawatra explicou, no entanto, que está disponível para dialogar, apesar de continuarem os confrontos com a polícia na capital, Bangcoc. 
De acordo com a premiê, as exigências da liderança dos protestos, encabeçada por Suthep Thaugsuban, são inaceitáveis e contrárias à Constituição. A oposição, liderada pelo Partido Democrata, pede que a primeira-ministra ceda a um conselho popular e deu prazo de dois dias ao governo para que isso aconteça.
"Quero fazer tudo o quer estiver ao meu alcance para que o povo esteja contente, mas o que eu faço deve estar dentro do consagrado na Constituição", argumentou Yingluck Shinawatra.
A primeira-ministra tailandesa, que confirmou ter tido um encontro com Suthep Thaugsuban na noite de ontem (1º) reiterou hoje estar disposta a "abrir qualquer porta" para negociar com os manifestantes. A oposição se articula para organizar uma greve geral e paralisar o governo. A mídia local informa, no entanto, que a maioria dos ministérios e de agências governamentais funcionam normalmente.
Segundo ela, manifestantes serão contidos pela polícia que, pelo segundo dia consecutivo, recorreu ao uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Foram erguidas barricadas de cimento para impedir o acesso da população em protesto à Casa do Governo e à sede da Polícia Metropolitana, fortemente vigiadas por cerca de 2 mil agentes das forças antimotim.
Paralelamente, a Comissão Nacional para os Direitos Humanos da Tailândia apelou a todas as partes que cessem à violência. Autoridades tailandesas confirmaram a morte de cinco pessoas desde o início dos protestos. De acordo com o Ministério da Saúde da Tailândia, 56 pessoas foram atingidas por gás lacrimogêneo hoje, dos quais três foram hospitalizadas. Nos últimos sábado e domingo, 71 pessoas foram vítimas dos atos violentos.
Os manifestantes iniciaram os protestos há cerca de uma semana contra a premiê e o seu irmão Thaksin Shinawatra, ex-primeiro ministro do país. A liderança do movimento acredita que o irmão da premiê, acusado de corrupção e fraude, comanda o país por meio da irmã. O movimento contrário ao governo se intensificou na última semana depois que o ex-primeiro ministro foi anistiado por meio da aprovação do Parlamento.
Em um pronunciamento a corpos diplomáticos e organizações internacionais hoje, o ministro das Relações Exgteriores tailandês, Surapong Tovichakchaikul, disse que o Executivo não tem o poder de intervir em relação à anistia, que foi um ato do Legislativo.
"De acordo com a Contituição, o governo não tem o poder de intervir. Agora a Casa de Representantes [Parlamento] que tem de atuar da forma apropriada. No entanto, como demonstração de boa fé, a coalização do governo faz mais uma concessão ao assinar uma proposição conjunta para que o projeto de anistia [do ex-primeiro ministro] não seja levada adiante pelo Parlamento. O primeiro-ministro deixou claro ao público, em várias ocasiões, que o governo apoia as ações da oposição de descartar esse projeto", informou Tovichakchaikul.
De acordo com ele, a recusa do projeto para a anistiar o ex-premiê é um pretexto para a mudança do regime.
"Eles tem intensificado a pressão sobre o governo de todos os meios, inclusive ilegais, para fazer aumentar a tensão. Possivelmente, em uma tentativa de provocar e instigar a violência com a esperança de haver uma intervenção militar", disse o ministro ao justificar que a ação do governo tem sido no sentido de preservar a lei e o processo democrático no país.
Surapong Tovichakchaikul pediu o apoio da comunidade internacional e das Nações Unidas no que tange às convenções, à lei internacional e à proteção da democracia e do acesso ao poder por meios democráticos. Lusa/Itar/Tass
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