A presidenta da Petrobras, Graça Foster, vai encaminhar nos próximos
dias à Coordenadoria-Geral da União (CGU) esclarecimentos sobre a
compra, pela companhia, da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. A
informação é do ministro-chefe da CGU, Jorge Hage. Ele explicou que o
órgão já vinha acompanhando a operação por meio da área de auditoria,
mas após a nota do Palácio do Planalto com o posicionamento da
presidenta Dilma Rousseff, que indica omissão de informações ao Conselho
Administrativo, por parte de um diretor da Petrobras, a controladoria
não poderia deixar de determinar a apuração das responsabilidades.
“A individualização das responsabilidades e a apuração dos prejuízos.
Para isso, contactei a presidenta Graça Foster no mesmo dia da nota do
Palácio, consultando-a se já havia uma apuração interna e pedindo a ela
os esclarecimentos e as providências tomadas”, contou.
Segundo Jorge Hage, até o pedido feito pela CGU, a Petrobras ainda
não tinha aberto investigação interna sobre o caso de Pasadena.
“Investigação formal ela não tinha. Ela tinha o levantamento das
informações, e ia me mandar, mas não tinha processo investigativo
formal”, explicou, e acrescentou que até aquela época a companhia só
tinha aberto investigação formal sobre o caso de acusação de pagamento
de propinas da empresa holandesa SBM Offshore para funcionários da
Petrobras.
O ministro-chefe da CGU adiantou ainda que solicitou a íntegra do
contrato e das atas das reuniões, que a auditoria da Controladoria tem
informações, mas apenas em extratos e resumos. “A partir daí, nós
veremos se instalamos uma comissão na CGU ou uma coisa em parceria com a
direção da Petrobras para apuração das responsabilidades, que é algo
que tem que ser feito. Não pode deixar de ser feito. É o que falta ser
feito”, completou.
Sobre a apuração do caso da holandesa SBM, a Petrobras já encaminhou à
CGU o contrato e informou que foi instaurada uma comissão interna. “Ela
me assegurou que já estava em andamento a apuração interna, e deve
ficar concluída até o final deste mês. A partir da apuração interna,
veremos se é necessário aprofundá-la ou se é suficiente”, disse.
Além disso, a Controladoria mandou equipes para a Europa e para os
Estados Unidos para contato com o Ministério Público da Holanda, com o
Departamento de Justiça americano e com a SEC [correspondente americana
da Comissão de Valores Imobiliários brasileira]. “Nem um, nem outro
tinha procedimento instaurado na semana passada quando foram feitos os
contatos. Tinham apenas as informações da própria SBM, do seu
procedimento interno. A partir disso é que eles vão decidir se instauram
procedimentos de governo, tanto a Holanda como os Estados Unidos”,
informou.
Apesar do envio de informações para processo administrativo, feito no
Brasil, não ser obrigatório em tratados internacionais, Hage acredita
que a sinalização dos dois países é favorável à medida. "Embora seja
previsto nas convenções multilaterais, tanto da Organização das Nações
Unidas (ONU) quanto da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (Ocde), mas não é mandatário. Então está dependendo do
Ministério da Justiça da Holanda e do Departamento de Justiça dos
Estados Unidos a concordância em nos dar as informações. A sinalização é
totalmente favorável", apontou.
Para o ministro, é possível ocorrer falta de informações completas em
reuniões de conselhos administrativos, porque não se trata de um
encontro apenas de gestores das empresas. “Claro que é possível, porque
reunião de conselho não é reunião de gestores. Há uma diferença entre o
caráter da participação de membros de conselho e a participação e função
dos gestores, que são os diretores. São participações completamente
diferentes. Não tem lógica nenhuma que os membros de um conselho se
aprofundem e requisitem todo o processo de cada decisão que vão tomar.
Aí não funcionaria, porque seria uma repetição daquilo que é do papel
dos diretores. O papel do Conselho de Administração não pode ser
confundido com papel de direção”, analisou.
O ministro Jorge Hage deu as declarações depois de participar hoje
(24), na sede da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, do
Primeiro Ciclo Brasileiro de Conferências em Compras Públicas e Desenhos
de Concessões, organizado pela FGV e pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea).
O secretário de Controle Externo do Tribunal de Contas da União
(TCU), Carlos Eduardo de Queiroz Pereira, que também participou do
encontro, disse que o TCU tem uma auditoria em andamento sob a
responsabilidade do ministro José Jorge. Carlos Eduardo não sabe quando o
resultado será divulgado. Mas acrescentou que se o ministro entender
que precisa de mais informações para julgar o caso ele pedirá,e isso
poderá ocorrer até depois do caso julgado."Fatos adicionais que podem
interferir naquela decisão, ou que poderiam ter induzido a um
entendimento diverso, pode ser reavaliada por meio de recursos", contou. ABr
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