O senador Humberto Costa (PT) ironizou, na sua fala, "a arrogância e a soberba dos adversários que falam em eleger 20 deputados federais" em outubro. "Estou achando que não vai ser bem assim", disse, sob aplausos, ao observar que os adversários pensaram que o PT iria se dividir para, novamente, aproveitar as divergências.
Ele se referiu a 2012, quando o PT se enfraqueceu devido a uma briga entre João Paulo, que foi prefeito do Recife por dois mandatos, e João da Costa, que o sucedeu, por sua indicação pessoal. Eduardo Campos lançou, então, seu secretário estadual de Planejamento, Geraldo Júlio, e tirou a prefeitura da capital das mãos do aliado. Julio ganhou no primeiro turno.
"O PT retomará o antigo protagonismo estadual nestas eleições", prometeu Costa, ao destacar a unidade do PT para fazer frente a Campos, hoje a maior liderança política do Estado. Nos discursos, João da Costa foi elogiado por ter apoiado a escolha do desafeto João Paulo, colocando os interesses do partido acima dos pessoais. Eles sequer se falavam. João da Costa não compareceu ao evento, na sede do diretório estadual do partido.
O PTB já tem o apoio do PT, PROS e PRB. A expectativa é que o PP e PDT integrem a aliança no Estado."Os adversários não saem do lugar"
Em entrevista, o senador Armando Monteiro Neto alfinetou Eduardo Campos, ao avaliar a queda da aprovação do governo Dilma Rousseff nas pesquisas - sem que isto tire seu favoritismo na corrida à reeleição. "O importante é que os adversários não conseguem capitalizar, desde outubro não saem do lugar", afirmou com um sorriso, comentando a última pesquisa Datafolha, na qual o tucano Aécio Neves e o socialista Campos aparecem respectivamente com 16% e 10% de intenções de voto. "Eles não se colocam como alternativa real".
O senador também provocou o seu opositor, o ex-secretário estadual da Fazenda, Paulo Câmara (PSB), escolhido por Campos para disputar o governo de Pernambuco. Câmara tem perfil técnico, não tem experiência política e é desconhecido do eleitorado. Precisa da influência de Campos para consolidar seu nome. "Não vamos fazer campanha na base de padrinhos, quem anda com as próprias pernas não precisa de padrinho", afirmou o petebista. "O povo vai avaliar os candidatos e não os padrinhos, por mais importante que eles sejam".
"Padrinho pode socorrer na eleição, mas depois, como é que fica?", questionou, sem menosprezar o peso do apoio do ex-presidente Lula na sua campanha.
Os petistas reforçaram a importância dos governos dos presidentes Lula e Dilma para o desenvolvimento econômico de Pernambuco e frisaram que foi Eduardo Campos quem deixou o campo do PT para ir para a oposição. Nesta linha, João Paulo citou o ex-prefeito de Limoeiro (no agreste) Ricardo Teobaldo (PTB). Ele se desincompatibilizou para se candidatar a deputado federal na semana passada, assegurando que 90% das obras realizadas no seu município, nos últimos anos, possuem carimbo federal. "Isso se estende a todo o Estado", disse João Paulo.
Ao término do evento, que lotou as dependências do diretório petista, todos entoaram "João Paulo na rua/ A luta continua". E um militante gritou: "Os dias do coronel estão acabando". O "coronel" é Eduardo Campos, assim chamado pelo seu poder e influência na política estadual. AE
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