Brasília - O pedido de afastamento anunciado nesta segunda-feira ,7, pelo vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR), tem por objetivo "preservar a instituição da qual faz parte, a Câmara dos Deputados, enquanto prepara sua defesa diante do massacre midiático que está sofrendo, fruto de vazamento ilegal de informações". Essa explicação está presente em nota de esclarecimento divulgada na tarde desta segunda-feira, 7, pela assessoria de imprensa do parlamentar.
André Vargas solicitou à Mesa da Câmara uma licença de 60 dias, sem remuneração, a contar desta segunda-feira, 7. O petista vem sendo questionado por sua relação com o doleiro Yousseff.
Também nesta segunda, PSDB, DEM e PPS protocolaram uma representação pedindo a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra André Vargas. Na representação, os partidos da oposição pedem a abertura de processo no Conselho de Ética e pedem que o órgão convide Yousseff a prestar depoimento.
Na nota de esclarecimento, a assessoria do deputado destaca que Vargas não é alvo de investigação e não foi comunicado oficialmente acerca dos temas tratados pela imprensa. "A licença não interrompe prazos nem suspende quaisquer procedimentos que possam ser instaurados pela Câmara dos Deputados. O deputado segue à disposição dos órgãos competentes para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários".
"O deputado reafirma seu compromisso com sua história política e sua luta em defesa do povo paranaense e do Brasil, sempre", diz a nota.
Relação suspeita. Cotado para suceder Henrique Eduardo Alves na presidência da Câmara, Vargas vem há duas semanas tentando esclarecer sua relação com o doleiro Alberto Yousseff, preso em Curitiba, durante a Operação Lava Jato da Polícia Federal, sob a acusação de lavagem de dinheiro.
Mensagens de celular interceptadas pela PF mostram que Vargas cobrou do doleiro a falta de pagamentos a "consultores". Em 19 de setembro de 2013, conforme o site da revista Veja informou, Vargas reclamou com o doleiro: "Sabe por que não pagam o Milton?", perguntou o deputado.
Em resposta, Yousseff escreveu: "Calma, vai ser pago. Falei para você que iria cuidar disso". Mas André Vargas insistiu. "Consultores que trabalham com ele há meses e não receberam", insistiu Vargas. O doleiro tentou tranquilizar o deputado: "Deixa que já vai receber", garantiu Yousseff.
A troca de mensagens não permitiu a identificação da origem desses "consultores". A conversa é, segundo Veja, mais um indício recolhido pela Polícia Federal para reforçar uma suposta sociedade secreta entre o doleiro e vice-presidente da Câmara.
'Carona'. Na semana passada, o jornal Folha de S.Paulo revelou que Vargas usou um jatinho pago pelo doleiro para viajar em férias com a família à João Pessoa (PB). A viagem teria custado R$ 100 mil. Da tribuna da Câmara, Vargas pediu desculpas aos colegas e à família. E negou qualquer envolvimento em um contrato de R$ 150 milhões para fornecimento de remédios entre o laboratório Labogen e o Ministério da Saúde.
A investigação da PF afirma que o deputado teria auxiliado o doleiro em negociações do laboratório Labogen com o ministério da Saúde. Em uma das mensagens trocadas entre os dois, divulgada pela revista Veja, o doleiro afirma a Vargas que o negócio poderá lhes trazer "independência financeira". AE
Confira a íntegra da nota de esclarecimento
O deputado André Vargas solicitou nesta tarde à Mesa da Câmara uma licença de 60 dias, sem remuneração, a contar da data de hoje.
Com a licença, ele pretende, antes de tudo, preservar a instituição da qual faz parte, a Câmara dos Deputados, enquanto prepara sua defesa diante do massacre midiático que está sofrendo, fruto de vazamento ilegal de informações.
Importante ressaltar que André Vargas não é alvo de nenhuma investigação e não foi comunicado oficialmente acerca dos temas tratados pela imprensa.
A licença não interrompe prazos nem suspende quaisquer procedimentos que possam ser instaurados pela Câmara dos Deputados. O deputado segue à disposição dos órgãos competentes para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.
O deputado reafirma seu compromisso com sua história política e sua luta em defesa do povo paranaense e do Brasil, sempre.
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