Vestidos de verde e amarelo e com bandeiras nas mãos, em quase todo o
país o povo saía às ruas para pedir o fim da ditadura e o direito de
escolher o futuro do Brasil. Esse era o cenário há exatos 30 anos, no
dia 25 de abril de 1984, quando a Câmara dos Deputados se preparava para
votar a chamada Emenda Dante de Oliveira, ainda em meio ao regime de
exceção. Praticamente todos os olhos da nação se voltaram para Brasília,
palco da decisão sobre a possibilidade de realização de eleições
diretas para presidente da República, depois de mais de 20 anos.
Artistas,
intelectuais, esportistas, políticos e milhões de cidadãos brasileiros
pressionavam os deputados para a aprovação da emenda das Diretas Já. Se
de um lado o povo pressionava os deputados pela aprovação da emenda, do
outro militares e defensores do regime trabalhavam pela rejeição.
Foram
diversas manifestações, em várias partes do país, antes da emenda
chegar ao plenário da Câmara. O primeiro comício ocorreu em Curitiba
(PR), depois Salvador (BA), Vitória (ES) e Campinas (SP). A manifestação
mais marcante ocorreu na Praça da Sé, no centro de São Paulo, onde 1
milhão e meio de pessoas ecoavam o grito pelas diretas.
Se aquele
dia 25 de abril começou com o brilho da esperança, terminou com uma
enorme frustração. Faltaram 22 votos para que a Diretas Já fosse
aprovada. Foram 298 votos a favor, 65 contrários e 3 abstenções. Seriam
necessários 320 votos favoráveis. Da galeria da Câmara, centenas de
pessoas vaiaram o resultado e deram o primeiro passo para que a luta
pela volta da democracia continuasse.
A base do governo militar
na Câmara, representada pelo PDS, boicotou a sessão, e 113 deputados, a
maioria da sigla, não apareceu para votar. Mas aquela derrota pressionou
ainda mais o regime militar. A oposição passou a articular um nome para
derrotar Paulo Maluf, então candidato oficial dos militares. O nome
escolhido foi o do então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves.
No
Colégio Eleitoral, o mineiro derrotou Paulo Maluf, abrindo caminho para
um governo liderado por um civil. Tancredo Neves, no entanto, acabou
não assumindo a Presidência da República. A morte dele foi anunciada no
dia 21 de abril de 1985. O então vice-presidente escolhido, José Sarney,
que trocara o PDS pelo PMDB no ano anterior, assumiu o cargo.
Em
junho de 1985, Sarney convoca a Assembleia Nacional Constituinte. Três
anos depois, e passados quatro anos da derrota da Emenda Dante de
Oliveira, o Congresso promulgou a nova Constituição, a Constituição
Cidadã, que reestabeleceu a democracia no país. No ano seguinte, pelo
voto direto, o Brasil elegeu Fernando Collor de Mello o primeiro
presidente eleito democraticamente após 21 anos de regime militar e de
cinco anos de um presidente civil eleito indiretamente. ABr
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