Ao fim de um dia de reuniões internas e discussões com os outros
partidos da coligação Unidos Pelo Brasil, o PSB formalizou hoje (20) a
candidatura de Marina Silva à Presidência da República e Beto
Albuquerque como vice. Na primeira entrevista como candidata cabeça de
chapa, Marina disse que não pretende subir nos palanques onde não houve
acordo entre o PSB e a Rede Sustentabilidade. Por outro lado, ela
reafirmou compromissos com as bases econômicas que começaram a vigorar
com o Plano Real e com o aumento da produtividade e da competitividade
do Brasil no agronegócio.
Sobre as alianças regionais, Marina
disse que em 14 estados há consenso sobre o apoio de sua coligação nas
eleições majoritárias. Nos demais, ela pretende se “preservar” dos
palanques com os quais não concordou e o vice Beto Albuquerque
representará os compromissos firmados pelo então candidato Eduardo
Campos, morto na semana passada em um acidente de avião. São os casos de
estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná, onde
Campos apoiava candidatos com os quais Marina se recusa a dividir o
palanque.
“O PSB mantém as suas alianças, o Beto representará o
PSB com essas alianças e eu estarei com os candidatos do PSB a deputado
estadual e federal. Essa é a construção que nós fizemos e é o que está
mantido. Os governadores eu já falei, são os governadores onde estamos
de comum acordo. Onde não foi possível há o mesmo enquadre e não há
mudanças, a única diferença é que a figura de Eduardo passa agora a ser a
figura de Beto. E eu continuo preservada de acordo com aquilo que
havíamos dito que faríamos”, explicou Marina.
A candidata também
foi questionada sobre as divergências com o setor do agronegócio em
razão de suas posições ambientalistas. Nesse aspecto, Marina disse que o
setor agrário não é “homogêneo” e que não acredita que os produtores
rurais brasileiros “reivindiquem produzir sem as preocupações com a
agenda ambiental e social”.
A candidata enfatizou a intenção de
promover desenvolvimento tecnológico na área rural, de modo a garantir
aumento de produtividade com menos exploração de recursos naturais. Ela
também disse que pretende trabalhar para implementar o Código Florestal
que foi aprovado, mas não tem sido aplicado integralmente.
“Vamos
avançar nas vantagens comparativas que temos, transformando-as em
vantagens competitivas, como é o caso do etanol, a geração distribuída
de energia com o bagaço da cana-de-açúcar, o manejo sustentável das
florestas. Quando era ministra do Meio Ambiente fui capaz de aprovar uma
lei de concessão das florestas que poderá fazer o Brasil ter um grande
potencial em termos econômicos. O Brasil é um país que tem na sua
agricultura, tanto no que chamamos de agronegócio, como na agricultura
familiar, uma base importante da sua economia”, disse.
Sobre as
bases econômicas caso seja eleita, a candidata reafirmou o compromisso
com as metas de inflação, o câmbio flutuante e a responsabilidade
fiscal. Marina Silva também disse que Eduardo Campos defendia a
autonomia do Banco Central e que isso está sendo estudado pela equipe
técnica de sua campanha para ser transformado em proposta. Segundo ela,
se a conclusão for favorável tecnicamente, a proposta deve ser adotada
como queria Campos. “A questão da autonomia do Banco Central nunca foi
um problema entre nós”, disse Marina.
Amanhã (21) pela manhã está
prevista uma reunião entre todos os partidos da coligação para que a
candidatura de Marina possa ser homologada formalmente. Questionado
sobre a intenção de alguns partidos de retirarem o apoio com a nova
candidata, o presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, disse que tem
conversado com todos e não recebeu esse comunicado. Ele disse que não
acredita que juridicamente isso seja possível, mas que pretende ouvir a
todos nesta quinta-feira. A intenção da coligação é formalizar o pedido
de registro de Marina Silva e Beto Albuquerque no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) na sexta-feira (22).ABr
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