O professor universitário uigur Ilham Tohti foi condenado nesta terça-feira à prisão perpétua por comentários em sala de aula sobre Xinjiang, região do oeste da China que critica a tutela de Pequim, informou a imprensa estatal.
Um tribunal de Urumqi, capital de Xinjiang, considerou o intelectual culpado de "separatismo", durante um processo muito criticado pela comunidade internacional. A imprensa estrangeira não foi autorizada a acompanhar o processo na semana passada.
Durante o julgamento, a acusação usou gravações de vídeo das aulas de Tohti na Universidade das Minorias de Pequim. Em um deles, o professor afirma que Xinjiang "pertencia sobretudo ao grupo étnico dos uigures", antes dos han - etnia majoritária na China -, segundo a agência oficial Xinhua.
O nome oficial de Xinjiang é "Região autônoma uigur".
Os promotores consideraram que as declarações estimulavam as pessoas a aderir a "grupos terroristas" que exigem a independência de Xinjiang.
A defesa de Ilham Tohti alegou que a Constituição protege a liberdade de expressão, mas a acusação afirmou que "os cidadãos chineses não devem utilizar sua liberdade para atentar contra os interesses do Estado", destacou a agência estatal.
O advogado do intelectual, Li Fangping, afirmou à AFP que vários comentários publicados pela Xinhua são inexatos e considerou a divulgação ilegal.
"Não tivemos acesso (aos documentos) antes do processo porque nos disseram que eram muito sensíveis. Agora, antes mesmo do veredicto definitivo, a imprensa oficial divulga estas provas", disse Li.
O advogado informou que o caso voltará a ser examinado.
Os tribunais chineses são controlados pelo Partido Comunista e os recursos poucas vezes têm sucesso.
Quase 10 milhões de membros da minoria uigur vivem na região, cenário em 2013 de uma série de atentados contra civis e confrontos que deixaram pelo menos 200 mortos. AFP/AFP Foto
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