CGU investiga contratos intermediados por lobista na Petrobras

A Controladoria-Geral da União (CGU) investiga a atuação do lobista Julio Faerman - suspeito de pagar propinas na Petrobras em troca de contratos para a SBM Offshore - como representante de outros grupos internacionais na estatal. O órgão rastreia negócios intermediados por Faerman e duas de suas empresas - a Oildrive e a Faercom - para outros clientes, sediados em vários países. O objetivo é a abertura de apurações específicas sobre eventuais irregularidades cometidas também nesses casos.
O levantamento mira contratos de US$ 650 milhões firmados pela Petrobras com a Rolls Royce em 2011, para fornecimento de turbogeradores para embarcações. Conforme dados obtidos pelos auditores da CGU, Faerman e suas empresas teriam representado a multinacional inglesa no Brasil.
Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo mostram que o lobista e suas empresas também operaram na companhia petrolífera para outras cinco corporações. Trata-se da Benthic, empresa australiana de serviços de geotecnia; da Welspun, indiana que fabricação tubos rígidos; da Tideway, que atua na dragagem e instalação de rochas; da Gall Thomson, inglesa que vende válvulas de contenção; e da Vertech, com sede na Noruega. Esta última também fechou contrato com a estatal, de US$ 6 milhões, para reparo de plataformas em alto-mar com o uso de helicópteros.
Faerman é acusado de pagar propinas a funcionários da Petrobras para obter contratos para a SBM Offshore, que tem negócios de US$ 27 bilhões com a companhia. Como representante, ele recebeu da empresa holandesa comissões de US$ 139 milhões. Parte desse dinheiro teria sido distribuído como suborno.
Investigações de autoridades suíças sobre o caso SBM confirmaram pagamentos indevidos a empregados da estatal no exterior, o que levou a empresa a pagar multa de US$ 240 milhões, por meio de um acerto com o Ministério Público da Holanda. No Brasil, a SBM já informou à CGU a intenção de fazer um acordo de leniência, por meio do qual aceitaria pesadas multas para não ser proibida de participar de licitações.
A SBM rompeu seu vínculo formal com Faerman e outros representantes em 2012, após denúncias de irregularidades no Brasil e em outros países. Depois disso, no entanto, o empresário e seus sócios continuaram frequentando a Petrobras. Foram 165 visitas desde 2012, conforme registros de entrada nos prédios da estatal, no Rio. O Estado consulta a Petrobras sobre contratos firmados com as empresas representadas por Faerman desde 27 de outubro, mas a estatal não se pronuncia.
Procurada desde o dia 3 deste mês, a Rolls-Royce tem informado que aguarda dados de sua área de compliance (controle), em Londres, para se manifestar sobre a suposta relação com Faerman e suas empresas. A Benthic explicou que nunca teve contratos com a Petrobras. Em nota, afirmou que tinha acordo com a Oildrive, de Faerman, até 2014 para serviços de consultoria. As demais empresas não se pronunciaram.
Os advogados de Faerman não retornaram aos contatos do Estado. Em nota, a Oildrive alegou que, "embora tivesse todo o interesse em responder perguntas e aclarar a verdade", não pode "desrespeitar o sigilo imposto à investigação pelas autoridades". "Assim, lamentavelmente, por orientação de nossos advogados, não poderemos lhe encaminhar nossos esclarecimentos, conforme solicitado", acrescentou.AE
Share on Google Plus

About Jornalista Valéria Reis

    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários:

Postar um comentário