Michel Temer defende voto majoritário em palestra de abertura do Fórum sobre Reforma Política

Em solenidade realizada no Plenário 20 de Setembro nesta segunda-feira (30) foi aberta a primeira edição do Fóum dos Grandes Debates da Assembleia Legislativa, com o tema "Reforma Política: Visões para Construir a Mudança". A atividade integra as comemorações aos 180 anos do Parlamento gaúcho, que acontecem ao longo de 2015, e contou com a presença do vice-presidente da República, Michel Temer, e do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ). A palestra de Temer, que seria no final da tarde, teve de ser adiantada por questões de agenda do vice-presidente.
O evento, que estava originalmente marcado para acontecer no Teatro Dante Barone, foi transferido para o Plenário 20 de Setembro por questões de segurança e organização, depois que as autoridades presentes não conseguiram iniciar seus discursos devido ao barulho de manifestantes que acompanhavam a cerimônia e protestavam contra a presença de Eduardo Cunha.
Antes de se deslocar para o novo local de realização do Fórum, o presidente da Assembleia, Edson Brum (PMDB), se deslocou até a plateia e conversou com os manifestantes, num gesto de pacificação. Brum, que teve o início da formação política durante a militância no movimento estudantil, reconheceu a prática do protesto como saudável à democracia. Salientou, porém, que é preciso também manter o respeito aos participantes do Fórum e à maioria do público que viera assistir aos debates.
Democracia brasileira na maturidadeAntes de seu pronunciamento no Plenário, o presidente Edson Brum  pediu desculpas às autoridades pelos transtornos da mudança do local do evento, e lamentou as ofensas e vaias que não tiveram trégua nem mesmo durante a execução do hino nacional. Em seguida, agradeceu a presença das autoridades e parlamentares presentes e avaliou o momento como um dia histórico. "Hoje a Assembleia Legislativa serve de palco ao debate de um tema tão essencial quanto urgente para a construção do Brasil que todos nós queremos, a reforma política", salientou.
Ele recordou que nas últimas três décadas a democracia brasileira enfrentou toda a sorte de descaminhos, porém passado esse período de mocidade do processo de redemocratização é hora de assumir que a maturidade finalmente chegou. "A democracia exige de todos responsabilidades indelegáveis. É esta retomada de consciência que propõe o fórum Reforma Política: Visões para Construir a Mudança. Para a que a reforma se dê de forma substancial é necessário que todo brasileiro, e não apenas os representantes políticos, participem, engajem-se e construam juntos".
Edson Brum sublinhou que recentemente as ruas das capitais  e grandes cidades brasileiras foram tomadas por uma representação expressiva e ideologicamente plural que exigia mais seriedade com as questões de Estado. "Concordando ou não com o que se ouviu das ruas, acreditando ou não na forma dos protestos é impossível que ignoremos consensos. Existe, latente, uma insatisfação não muito bem definida, mas é certo que no fundo esta gente toda pede o fim de alguma coisa e o começo de outra. Pede enfim uma renovação de paradigmas e é justo que assim o façam", destacou.
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, fez menção às manifestações ocorridas no Teatro Dante Barone e lamentou que as mesmas tivessem ocorrido de forma que considerou como intolerante. Sobre o tema da Reforma Política, destacou que o debate deve ser realizado em diversos estados e é fruto de uma decisão política da presidência da Câmara, que avocou para si a discussão sobre esse tema.
"Pretendemos que entre a primeira e terceira semana de maio a proposta de Reforma Política seja levada a Plenário", assegurou Cunha, sublinhando que as novas regras já devem estar em vigor para as próximas eleições. Ele elencou os  temas que passarão pela análise e aprovação dos congressistas, entre eles os custos das campanhas, voto distrital, coligações, eleições unificadas, e financiamento público de campanha . "O que queremos que reste de tudo isto é uma condição política que beneficie toda a sociedade", concluiu o presidente da Câmara.
O governador José Ivo Sartori também iniciou sua fala com um pedido de desculpas pelos contratempos e pelo atraso no início do debate. "Esta não é uma pauta para consenso, mas para consensos, no plural, como deve ser a administração pública", sublinhou o governador. Sartori reconheceu que a sociedade brasileira quer mudanças, e que os políticos precisam deixar a zona de conforto. Ele ainda cobrou um aperfeiçoamento do Pacto Federativo que distribua as riquezas de forma republicana e justa.
Palestra de Michel TemerO vice-presidente da República, Michel Temer parabenizou o presidente Edson Brum pela iniciativa de iniciar as comemorações dos 180 anos da Assembleia Legislativa com um debate sobre a Reforma Política. Referindo-se às manifestações no Teatro Dante Barone, considerou que conferiam ainda mais sucesso ao evento. "Manifestações, mesmo que de feitas de forma inadequada, confirmam que o Legislativo é a Casa do Povo".
Ele destacou que os movimentos das ruas revelam a força da democracia brasileira e que crises podem ser vencidas através da ação conjunta do Legislativo, Executivo e Judiciário. "O alerta das ruas serve para todas as instâncias de Poder. As manifestações não colocam em risco as instituições democráticas brasileiras, mas sim as fortalecem".
Temer elencou uma série de tentativas anteriores de se  realizar a reforma política que não tiveram sucesso. "No Legislativo as coisas se passam desta maneira. As coisas vão maturando, e num  dado momento se convertem em lei. Esta  é a regra da formação do Direito, e ele existe justamente para regular as relações sociais. Os fatos é que impulsionam a atividade legislativa", avaliou o vice-presidente, que considera o momento atual como propício para a concretização da reforma.  
Temer destacou que seu partido (PMDB) tem uma posição definida sobre a escolha do voto majoritário também denominado de "distritão" - como melhor opção de sistema eleitoral. Ele baseou essa avaliação no texto constitucional, lembrando que o sistema democrático adotado no Brasil significa o governo da maioria. Já o atual modelo, de voto proporcional, propicia, segundo ele, a única maneira de uma minoria poder comandar os destinos do País,  o que viola o princípio mesmo da democracia. Outra razão que levaria o PMDB a optar pelo voto majoritário seria a razão política, com o fim das coligações.
Finalmente, o vice-presidente ainda defendeu a diminuição do número de partidos políticos, sustentando que não existiria no universo político brasileiro tantas correntes diferentes que justificassem tão elevado número de agremiações partidárias. "Se nós não realizarmos uma reforma política agora, haverá uma descrença e uma decepção da população em relação ao Congresso Nacional", concluiu. Fonte: AL
Share on Google Plus

About Jornalista Valéria Reis

    Blogger Comment
    Facebook Comment

0 comentários:

Postar um comentário