Instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) estimam que a taxa básica de juros, a Selic, seja elevada em 0,5 ponto percentual em julho. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que define a taxa, está marcada para amanhã (28) e quarta-feira (29). Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano, após passar por seis altas seguidas.
Depois da reunião deste mês, as instituições financeiras não esperam por mais aumento da taxa Selic. Com isso, a taxa deve fechar o ano em 14,25%. A previsão da semana passada era que a Selic encerraria 2015 em 14,5% ao ano.
A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o BC contém o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.
Como o BC está tentando conter a inflação, a expectativa é continuidade do processo de aumento da taxa básica. Para este ano, a estimativa do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu pela 15ª vez seguida. A projeção passou de 9,15% para 9,23%. Neste ano, a inflação deve ficar acima do limite superior da meta estabelecido pelo governo, que é 6,5%. Para 2016, a projeção permanece em 5,4%.
A promessa do BC é entregar a inflação no centro da meta (4,5%), em 2016. Como as expectativas para o próximo ano ainda estão acima disso, o BC considera que precisa continuar elevando os juros. Na última sexta-feira (24), o diretor de Política Econômica do BC, Luiz Awazu Pereira da Silva, disse que, mesmo com alguns resultados positivos inegáveis, acontecimentos recentes mostram que existem novos riscos que podem influenciar o resultado da inflação em 2016. Para o diretor, isso pode afetar as expectativas de inflação no longo prazo.
Para o diretor, há sinais positivos da convergência da inflação para 4,5% no próximo ano, mostrando que o BC está no caminho certo. “No entanto, o progresso até agora na luta contra a inflação precisa ser equilibrado contra riscos recentes que ameaçam nosso objetivo central”, disse. O diretor acrescentou que o Banco Central deve permanecer cauteloso no momento atual.
Embora ajude no controle dos preços, o aumento da taxa Selic prejudica a economia, que atravessa um ano de recessão, com queda na produção e no consumo.
A expectativa das instituições financeiras para a retração da economia, este ano, piorou, ao passar de 1,70% para 1,76%. Para o próximo ano, a projeção é crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mas de apenas 0,20%, contra 0,33%, previstos na semana passada.
Na avaliação do mercado financeiro, a produção industrial deve ter uma queda de 5%, este ano. Em 2016, a projeção de crescimento passou de 1,50% para 1,30%.
A pesquisa do BC também traz a projeção para a inflação medida pelo Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), que passou de 7,64% para 7,69%, este ano. Para o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), a estimativa subiu de 7,46% para 7,52%, em 2015. A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) passou de 8,72% para 8,74%, este ano.
A projeção para a cotação do dólar subiu de R$ 3,23 para R$ 3,25, ao final de 2015, e segue em R$ 3,40, no fim de 2016. ABr
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