Ex-deputado do PT é citado na 18ª fase da Operação Lava-Jato

Pelo menos um político gaúcho deverá ser investigado a partir dos desdobramentos da 18ª fase da Operação Lava-Jato, denominada Pixuleco II, uma referência à forma como envolvidos no escândalo de corrupção na Petrobras chamavam a propina. Trata-se do ex-deputado federal e ex-tesoureiro do diretório nacional do PT Paulo Ferreira, historicamente um dos principais aliados do ex-ministro José Dirceu entre os petistas do Rio Grande do Sul.
No dia 13 de agosto, mandados de busca e apreensão foram cumpridos pela Polícia Federal no escritório Portanova & Advogados Associados, no centro de Porto Alegre. No local, foram encontradas anotações que indicavam que Ferreira seria o destinatário de R$ 270 mil repassados ao escritório pela empresa Consist Business Software. O valor teria relação com ações judiciais do escritório, mas levantamento dos investigadores apontou que o escritório Portanova não atuou em nenhum processo em defesa da Consist ou do próprio Ferreira.
Os pagamentos, feitos entre janeiro e maio de 2015, não teriam relação com nenhuma prestação de serviço. A suspeita dos investigadores da Lava-Jato é de que seja dinheiro ilegal pago pela Consist a Ferreira. O petista nega que tenha recebido valores. 

 Notas não teriam relação com serviços
Ferreira também é citado no esquema por Alexandre Romano, o Chambinho, ex-vereador do PT de Americana (SP), suspeito de ser operador de propina. Preso em Curitiba, Chambinho afirmou, em depoimento aos investigadores, que as notas emitidas pelo escritório de advocacia à Consist não tiveram relação com prestação de serviços. Ele explicou que os documentos foram "emitidos a pedido de Paulo Ferreira". Chambindo ainda disse que o exdeputado "lhe procurou, de forma autônoma, pedindo repasses ao escritório Portanova para ajudá-lo". O operador declarou aos investigadores que Ferreira foi "o beneficiário final dos repasses".
As buscas e apreensões da 18a. fase da Lava-Jato permitiram apurar que, no Paraná, pagamentos da Consist por meio de escritórios intermediários ligados ao PT também teriam beneficiado terceiros sem a prestação de serviços.
A Consist é uma empresa de tecnologia que, sem licitação, instalou um software de análise de empréstimos consignados no Ministério do Planejamento a partir de 2010, segundo a PF.
Contrapontos
O que diz Paulo Ferreira:
Confirma que indicou o escritório Portanova para atuar junto à Consist, em causas previdenciárias e trabalhistas. Isso porque conhece Daisson Portanova há mais de 30 anos e foi colega dele. Ferreira diz também que o contrato existiu, está amparado em relatórios de trabalho, teve impostos recolhidos e, ainda, uma ação de cobrança porque a Consist não pagou tudo que deve ao escritório Portanova.
— O contrato não é de fachada, o Portanova prestou os serviços. Quanto a mim, não recebi nada. Nego enfaticamente que tenha sido beneficiado por valores. Sugiro que se faça auditoria nisso — disse ontem.
O que diz Daisson Portanova, do escritório de advocacia:
Explicou que foi contratado pela Consist em outubro de 2014 para prestação de serviços de assessoria trabalhista e previdenciária, acompanhando processos na Justiça do Trabalho e emitindo pareceres. Cobrava honorários mensais e recebeu, até metade de maio, R$ 270 mil. A Consist ainda deveria mais R$ 240 mil.
— Não tenho nada com a Consist além de uma relação de trabalho — declarou Daisson no dia da busca da Polícia Federal em seu escritório. (Zero Hora)
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