Putin e sua ofensiva na ONU sobre a Síria

O presidente russo, Vladimir Putin, passou à ofensiva sobre a situação na Síria, em aberto desafio na ONU ao presidente americano, Barack Obama. O que o homem forte do Kremlin está buscando e o que ele conseguiu até agora?
O que Putin quer?
Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, Putin convocou a criação de uma coalizão mais ampla para combater na Síria, no lugar do atual grupo de potências ocidentais e sunitas liderado pelos Estados Unidos e que está bombardeando os jihadistas do Estado Islâmico (EI).
A proposta russa se dirige especialmente aos ocidentais e a seus sócios na região para que unam forças com o antigo aliado de Moscou, o presidente sírio, Bashar al-Assad, para lutar contra o EI e tentar buscar uma solução política na Síria. Já as potências ocidentais se opõem a Al-Assad completamente e descartaram o plano.
Por enquanto, a proposta russa continua sendo vaga, e reina um ceticismo considerável sobre a ideia de que Moscou tem uma chance única para concluir a guerra de quatro anos e meio, aparentemente sem solução. Até agora, o número de mortos chega a 240.000.
O que Putin conseguiu até agora?
Bem pouco, considerando-se os objetivos que ele pretende atingir na Síria.
Nenhuma das nações convocadas por Putin para lutar contra o EI ao lado de Al-Assad (Arábia Saudita, Turquia, Estados Unidos, ou União Europeia) manifestou sua vontade de aderir ao plano.
Obama disse hoje que a derrota do EI na Síria será possível apenas se o presidente Bashar al-Assad deixar o poder. Alguns começaram a flexibilizar sua postura sobre a saída imediata de Al-Assad, porém, pedindo que saia antes de que qualquer transição política aconteça.
Isolado desde o início da crise na Ucrânia há 18 meses, o presidente russo se colocou no centro das discussões sobre a Síria, aumentando ostensivamente a presença militar russa nesse país nas últimas semanas.
Nesse contexto, Moscou estabeleceu um centro de gestão da informação em Bagdá com militares iranianos, iraquianos e sírios com o objetivo de apresentar a situação atual como um fato consumado.
Na segunda-feira, Barack Obama aceitou conversar com Putin para ouvir seus argumentos sobre a Síria e disse estar disposto a trabalhar com os dois principais apoios do presidente Al-Assad - Rússia e Irã - para encontrar uma solução para o conflito.
Os militares americanos também retomaram o contato com seus colegas russos para evitar qualquer acidente entre os dois Exércitos na Síria.
A Rússia anunciou que "um grupo de contato" diplomático sobre o país em conflito se reunirá em outubro em Genebra com os "principais atores", incluindo Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita, Irã, Turquia e Egito.
O que acontece agora?
Putin disse que a Rússia iria sondar as outras grandes potências nos próximos dias, por ocasião da Assembleia Geral anual da ONU, em Nova York. Depois disso, terá uma ideia mais precisa sobre as possibilidades de uma resolução que a Rússia tentará fazer aprovar na organização para oficializar sua coalizão anti-EI.
Hoje, parece impossível que Moscou consiga convencer o Conselho de Segurança a adotar um texto que leve a qualquer tipo de apoio a Al-Assad.
O homem forte do Kremlin não considera a possibilidade de operações em terra que incluam tropas russas junto ao Exército sírio, mas não exclui a possibilidade de ataques aéreos, seja com o apoio da ONU, seja a pedido do regime de Damasco.
A Rússia estima que 2.000 de seus cidadãos estejam combatendo nas fileiras do EI e que pode fazer frente a esse problema. Ao mesmo tempo, ajudaria seu aliado Al-Assad a se recuperar de uma série de derrotas militares.AFP
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