Federasul lança a Carta da Indignação

 
Diretores da Federasul e da ACPA aprovaram a Carta da Indignação no primeiro encontro deste ano promovido no interior, na Associação Comercial de Osório. O texto, de pouco mais de uma lauda, faz duras críticas à política econômica do governo federal e estadual citando, entre outros, o descaso das autoridades por não ter agido prontamente no caso da epidemia do Zika vírus. “A epidemia está mutilando centenas de brasileiros que nunca mais poderão ter vida normal”, diz a Carta.
         O encontro, que reuniu mais de 50 líderes empresariais de todo o Estado, analisou uma extensa pauta, entre eles, a eleição das novas diretorias da Federasul e ACPA, em abril, que, pela primeira vez na história das entidades, será disputada por dois candidatos.
         Também foram analisadas as estratégias para 2016 e a decisão de expressar a posição contrária à criação de novos impostos, através da fixação, no prédio histórico da Federasul, de uma faixa com 16 metros de altura, com os dizeres ¨Não à CPMF¨. “Estamos perplexos e indignados diante de tantas decisões que afetam diretamente nosso desempenho econômico e comprometem o crescimento do País”, disse o presidente da Federasul, Ricardo Russowsky.
         Na abertura do encontro, estiveram presentes o vice-prefeito de Osório, Eduardo Renda, o vereador Roger Caputi, o deputado Gabriel Souza, além do presidente da ACI Osório, Jorge Ramos. Na reunião, presidida por Russowsky, ficou agendado o próximo encontro na sede da Federasul, dia 9 de março, ocasião que marca o reinício do Tá na Mesa, com a presença do governador José Ivo Sartori.
Abaixo, a íntegra da Carta da Indignação:
“O Brasil vive uma crise sem precedentes. Atinge a economia, a política, a ética, a moral, a saúde, a segurança, a educação, a infraestrutura e muito mais. Neste momento conturbado, a Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (FEDERASUL) manifesta sua indignação sobre os acontecimentos que inibem e atacam o desenvolvimento e o crescimento sustentável da Nação e do Estado.
O Brasil está sofrendo a recessão mais profunda e duradoura de sua história. Apresenta o pior desempenho entre todos os países do G20, em 2015, com uma queda do PIB próxima a 4%, fruto da incompetência na gestão da política econômica nos últimos anos. Ela combina irresponsabilidade fiscal, com o governo federal gastando muito acima do que arrecada, ingerência indevida nas ações do Banco Central, retirando a sua autonomia para controlar a inflação, e insistência incompreensível na retomada do crescimento via expansão da demanda, já exaurida pela própria crise. Não bastasse a recessão, a inflação teima em se manter muito acima do teto estabelecido pelo Banco Central, tendo fechado em 10,7%, em 2015.
E o pior de tudo é que o governo não reconhece seus erros, culpando uma inexistente crise internacional pelo descalabro econômico em que vivemos. Nem a recente perda do grau de investimento por duas importantes agências de classificação de risco serviu de alerta para uma mudança de rumo. Pelo contrário, com a escolha do novo ministro da Fazenda, as políticas equivocadas do primeiro mandato da Presidente Dilma deverão ser resgatadas.
Não fosse pouco, o Brasil ganha destaque nos noticiários internacionais, com o alerta de recomendação de perigo em função do Zika vírus. A epidemia, além de mutilar centenas de brasileiros que nunca mais poderão ter vida normal, está sendo espalhada pelo mundo e o Brasil está perdendo mais uma guerra: agora para o mosquito Aedes aegypti. Como foi possível chegar a tanto descaso?
Ao mesmo tempo, e aprofundando ainda mais a crise, a corrupção, que, é bem verdade, sempre existiu, nunca esteve tão perceptível aos brasileiros. Ela assume ares de uma política de Estado, envolvendo membros do alto escalão do governo. Com um cenário tão ruim, não surpreende a piora das expectativas dos consumidores e dos empresários, o que deverá minar a recuperação da economia neste e no próximo ano.
No Estado, boas notícias como a criação da lei de responsabilidade fiscal estadual e a da aposentadoria complementar para os novos funcionários públicos foram ofuscadas, em 2015, pelo aumento do ICMS. Esse é mais um governo que prometeu combater o déficit pelo controle dos gastos, mas preferiu esquecer suas promessas para seguir o caminho mais fácil do aumento de tributos. A medida enfraquece ainda mais nossa cambaleante economia, gerando mais perda de poder aquisitivo, informalidade e desemprego para a população.
 Completando o rol das más notícias e não bastando o uso dos depósitos judiciais, para aliviar seu caixa, o governo avança em seu mais poderoso patrimônio, mexendo com a folha de pagamento dos funcionários estaduais no Banrisul.
 São determinações que, embora possam sugerir algum alívio de curto prazo ao caixa estadual, ampliam os prejuízos futuros, afastam a possibilidade dos gaúchos terem uma administração responsável, que presta bons serviços e distanciam o discurso de campanha com a prática. Foto: Federasul
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